Se a ministra já conhecia os dados sobre a violência escolar que Pinto Monteiro, Procurador-geral da República (PGR), relatou há dias, os quais referem que existem alunos que levam para as escolas armas de calibre de guerra e diversos tipos de facas, por que razão, ainda há bem pouco tempo, sublinhou que, a respeito deste mesmo assunto, o "PGR fez eco da sua preocupação, mas não há motivos para isso porque a violência escolar é uma situação rara e não está impune. O que existem é situações de indisciplina e incivilidade", adiantando que não queria que fossem criminalizados "actos que têm características específicas porque acontecem no meio escolar".
Ora, as expressões de Lurdes Rodrigues são bem típicas de quem não faz parte de uma solução para todo o imbróglio em que a educação se encontra, neste momento, inserida. Na verdade, quando um responsável por uma política, seja de que ministério for, passa a ter, como principal preocupação, a disseminação das críticas a problemas (emergentes ou não) concretos, não se lhe augura, portanto, um grande futuro.
Aliás, é curioso verificarmos o discurso desta equipa ministerial e não vemos outra coisa senão discursos ocos, vazios, inertes. O exemplo da réplica que o extraordinário Valter Lemos, à margem do 9.º Fórum da Associação de Estabelecimentos de Ensino Particular e Corporativo, que ontem se realizou no Porto, esboçou (a respeito das observações que têm vindo a ser feitas à escola), serve de paradigma ao que se encontra por detrás da filosofia comunicacional e apaziguadora do ministério da educação: "está-se a fazer uma campanha totalmente imerecida porque, para a maior parte dos portugueses, não existe alternativa ao ensino público". Depois, como os jornalistas lhe pediram para ser mais preciso, responde, ao melhor estilo de Octávio Machado: "eu vejo as vossas notícias, vocês é que saberão".
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