sábado, março 31, 2012

salários públicos alemães sobem

Em dois anos, os salários das empresas públicas alemãs subirão 6,3 por cento. Para além disso, os trabalhadores terão direito, em 2013, a 29 dias úteis de férias, aos quais se acrescentará mais um a partir dos 55 anos de idade.
Quando confrontamos estes dados, ficamos com um não sei quê de descontentamento, siderados com um efémero país de costas voltadas para os seus compatriotas, guiado por obsessivas personagens de aritmética linear. Por muito que estes senhores nos queiram fazer crer em novos amanhãs, vivemos cada vez mais em mundos diferentes. Nós, evidentemente, não eles.

segunda-feira, março 26, 2012

o futebol português

Desde que me lembro, sempre ouvi a mesma cantilena dos dirigentes, treinadores e futebolistas relativamente aos erros dos árbitros. No caso dos dirigentes, o caso afigura-se mais grave, pois são eles o rosto institucional do clube. No dia em que um qualquer energúmeno, desses que uivam pelas claques, se lembrar de um qualquer ajuste de contas mais grave, então será esse o dia da condenação generalizada, em que se multiplicarão os minutos de silêncio, a reflexão efémera e os olhares envergonhados. O futebol é o reino das culpas alheias. Todos erram, menos os dirigentes, os treinadores e os futebolistas, que até falham golos de baliza aberta.

terça-feira, março 20, 2012

deputados europeus contra presença de Dominique Strauss-Kahn

Que eu saiba, Dominique Strauss-Kahn não foi condenado pelos tribunais americanos. Por conseguinte, não me parece que seja um cidadão coartado dos seus direitos, tendo em conta que a União Europeia se edifica nos princípios normativos de um Estado de Direito. Se um conjunto de garotos universitários ingleses apupou e apedrejou com ovos de galinha o antigo presidente do FMI não é coisa que me surpreenda. A juventude, a eterna juventude é irreverente, qualidade que Cavaco Silva gosta muito em campanha eleitoral e já não tanto quando se aproxima da Escola António Arroios. Porém, quando eurodeputados contestam a presença de Strauss-Kahn no Parlamento Europeu para dissertar sobre a crise financeira, apensando argumentos tão extraordinários como a dignidade das mulheres (um convite "indecente" e que "pode provocar problemas", dizem), são eles próprios que se desenquadram no que deve ser o respeito pela normalidade judicativa. A não ser que, para esta gente (um conservador holandês, de seu nome Derk Jan Eppink e um grupo de mulheres socialistas e verdes da Bélgica e da Hungria) o postulado da inocência valha absolutamente nada.

quarta-feira, março 14, 2012

o extraordinário alargamento para 18 clubes

Por vezes, espanta-me certas iluminadas decisões de não menos reluzentes sábios da nossa praça. O futebol, então, anda cheio delas. A poucos meses do término do campeonato da primeira divisão, projeta-se o seguinte, como forma de alargar para 18 o número de clubes para o próximo ano: ninguém descerá de divisão. Posto isto, ninguém quer saber da verdade desportivo, a qual estaria assegurada com o empenho, nestes derradeiros jogos, das equipas que até à data se mantinham na luta para não descer de divisão. Ninguém se lembrou, por exemplo, que o factor desportivo estaria assegurado se os dois últimos classificados da primeira liga disputassem uma liguilha com os quatro primeiros da divisão de honra, a fim de aferir as melhores quatro equipas, precisamente as que teriam acesso direto ao principal campeonato, no próximo ano.

terça-feira, março 13, 2012

cavaco e a questão sócrates

Cavaco Silva ainda não entendeu verdadeiramente o que está em causa. E o que está em causa, no prefácio que escreveu ao livro que compagina as suas intervenções políticas do último ano (roteiros vi), é muito menos as afirmações que edifica em relação à lealdade de José Sócrates e muito mais a sua falta de coerência política. Marcelo Rebelo de Sousa explicou isso muito bem no seu comentário semanal na TVI. E a desconexão de Cavaco Silva pode-se resumir na seguinte formulação interrogativa: se o primeiro-ministro violou mesmo a Constituição da República (artigo 201), como advoga Cavaco, por que raio o não demitiu? A não ser que a nossa lei fundamental valha já muito pouco para esta gente. Aliás, pelo que se tem visto, desacertos constitucionais é coisa que anda por aí aos montes.

terça-feira, março 06, 2012

ministro a prazo? não, não, diz relvas

O governo de Passos Coelho é uma estrutura desconexa e, muitas vezes, incompetente. Olho para a ministra da agricultura, pescas e ambiente e o que parece é que vemos uma personagem sem rasgos de alguma notoriedade nestes assuntos, a braços com uma estrutura que desconhece, uma espécie de criança com um brinquedo novo nos braços. O ministro Álvaro foi alvo de uma grande pressão nestes últimos dias. Passos coelho ajudou à festa, reunindo com ele durante três horas, quando os holofotes mediáticos estalavam no sentido da sua eventual saída da orgânica do executivo. Tudo porque é visível o paulatino esvaziamento do seu raio de ação.
Mas o mais grave e interessante deste Governo chama-se Relvas. Ainda há pouco o ouvi afirmar, perentório, à saída de um qualquer e ocasional encontro, que Álvaro Santos Pereira não se encontrava a prazo no Governo. Ora, que eu saiba, Relvas não é primeiro-ministro e só a este compete demitir ou avalizar a continuação dos ministros.

quinta-feira, março 01, 2012

decidam-se

Com o desemprego em janeiro nos extraordinários 14,8%, colocando-nos no pelotão da frente europeu, o novo responsável da missão do Fundo Monetário Internacional em Portugal defende que o Governo deve implementar políticas ativas de emprego. E a explicação é simples: é desta maneira que a economia cresce.
Sabemos que o que está a ser feito assenta num exclusivo pressuposto: cumprir as regras, inverter os números do défice. Convenhamos que não é tarefa que exija especiais atributos. Daí que nas "novas democracias" da Grécia e Itália os governos não são votados pelo povo, mas nomeados tecnocratas "competentes". Sabemos também que estes têm, em relação à política, um epidérmico afastamento. Acontece que nada se resolve sem política, pois é precisamente esta que olha e decide em nome das pessoas e não em virtude dos números.

coisas

vamos pela estrada e sentimo-nos bem. lá fora, o vento sopra, a neve cai, voam duas aves perdidas. eu sei que tenho de chegar a algum lugar...


neste momento...