sexta-feira, agosto 31, 2012

com conhecimento de causa

A coisa, afinal, está a correr bem. Quem o diz é António Borges, alguém que fala com conhcimento de causa. Presumo que haverá poucos, em Portugal, com tão altos predicados. Poucos que, "como sabem" trabalharam no FMI (continua a ser um grande cartão de visita). Haverá também poucos que falam assim tão bem, tão despreocupadamente. E não haverá assim tantos que, do alto das suas dezenas de milhares de euros mensais, debitam este tipo de empenhada ciência económica. Será que o Sr. António Borges saberá quanto é o ordenado mínimo em Portugal? Ou o médio?

quinta-feira, agosto 30, 2012

o respeitinho é muito bonito: 5,3%

É bom que estes senhores da Troika venham cá a casa para sabermos o que se passa. Até ontem, os mais entusiastas da coligação que nos governa (ou desgoverna, nunca é demais apontar) pensavam que o défice iria ser cumprido. Afinal, era a grande bandeira (eleitoral e pós-eleições) de Passos Coelho e Gaspar (ou Gaspar e Passos Coelho). Perante os olhares perscrutadores do triunvirato e o tremelicar corcovado dos ministros, desenhamos uma nova previsão até ao fim do ano: 5,3%.
Podemos extrair daqui a moralidade disto: estamos piores e não cumprimos o défice. O que mais falta para este Governo apresentar a demissão ao Presidente da República?

terça-feira, agosto 28, 2012

os políticos e a vidinha

Uma interessante notícia do Correio da Manhã de hoje dá conta que, de 2011 para 2012, os deputados e governantes tiveram um aumento na sua massa salarial, de acordo com relatório da Direcção-Geral da Administração e Emprego Público. Deve-se tudo, segundo alguém do Ministério das Finanças, a uma atualização dos subsídios (deslocação e afins). Assim, o ganho médio mensal dos representantes do poder legislativo e de órgãos executivos passou de 5.605 para 5.686 euros.
Perante isto, não me apetece escrever muito mais, até porque não há muito mais para escrever. O argumentário destes senhores é vasto e eloquente. Afinal, o que são cinco mil e tal euros? Ou umas componentes subsidiárias de umas centenas de euros? Francamente!... Apelidar de bem pagos estes senhores!...

domingo, agosto 26, 2012

a rtp no plano político

Como se previa, a insólita manifestação, via entrevista televisiva, de António Borges originou um catapultar de anseios e opiniões dos mais variegados quadrantes políticos. Seguro, na Madeira, preditou a ação de um Governo PS a este respeito: haverá serviço público de televisão. Quanto a indemnizações (fala-se numa concessão de 25 anos para quem ficar com o projeto), nem uma palavra. Aliás, este tipo de entrecortes entre público e privado, através das impulsionadas PPP, resultando em inevitáveis e indiscutíveis lucros para os empresários, tem sido, desde Cavaco (o verdadeiro mentor destas parcerias), um verdadeiro mas oculto caderno de encargos. Seguro, com esta eloquente proclamação, não traz, pois, nada de novo.

sexta-feira, agosto 24, 2012

a rtp

Com o desenho que o Sr. António Borges esboçou relativamente à concessão a privados da RTP, permito-me afirmar que estamos numa completa desorientação sobre o que efetivamente uma televisão pública representa para um país. Sabemos que esta concessão prevê um pagamento de 140 milhões de euros à entidade exploradora da televisão. Do mesmo modo, ficamos também conhecedores que a empresa se encontra há já algum tempo num processo de reestruturação, o qual resulta, atualmente, numa dinâmica empresarial que chega mesmo a colher lucros de vários milhares de euros.
Sendo assim, a questão impõe-se: porquê desbaratar um património referencial da nação, ao ponto de apagar por completo um canal verdadeiramente imbuído num enquadramento de serviço público, como é o caso da rtp2 (nunca é demais lembrar que a TDT, ao contrário de outros países, não trouxe qualquer ganho quanto ao número de canais)? A resposta, para além da ignorância e da insensibilidade cultural desta gente (por onde andas Francisco José Viegas?) tem também a ver com um caderno de encargos previamente ofertado a alguém que, "concessionariamente", surgirá de um latebroso normativo jurídico.

o décimo segundo ministro

Como o décimo segundo jogador, o sr. António Borges joga nas bancadas. Esta evidência foi, aliás, deleitosamente calcorreada por si próprio na entrevista que hoje deu à TVI. Não tem nada a ver com estruturas governativas, não está na política, exprime simplesmente a sua opinião pessoal. Mas depois resvala. Exprime-se estranhamente na primeira pessoa do plural. E é aqui que vemos que o décimo segundo vale muito mais do que o segundo ou mesmo do que o primeiro. Se reconstruirmos a analogia futebolística, há muitos treinadores que se vão embora por causa das bancadas.
Devemos, no entanto, preocuparmo-nos com tudo isto. Mais do que uma orientação política, um pensamento, este Governo almeja a apresentação de resultados "custe o que custar". E isso é, óbvia e desgraçadamente, preocupante. Estamos, como sabemos, vendedores. O resto logo se verá.

terça-feira, agosto 14, 2012

uma notícia engraçada

Psssos Coelho, na sua reentré à porta fechada, afirmou que espera renovar o mandato no final destes quatro anos e que 2013 marcará o fim da crise (de que crise falará Passos Coelho?). Admitiu ainda que nem tudo correu como o esperado (está bem enganado: tudo fazia prever esta hecatombe social - que classe média pensarão estes senhores que existe em Portugal?).

uma má notícia

Dados recentes do INE:
- o desemprego galopa incansavelmente sobre os trabalhadores (827 mil trabalhadores no desemprego no segundo trimestre - mais 7.600 pessoas que no trimestre anterior, e mais 152 mil pessoas do que no mesmo trimestre de 2011);
- descida do PIB que caiu 3,3 por cento relativamente ao segundo trimestre do ano passado.

uma boa notícia

Li no Expresso sobre a doação que o empresário Paulo Paiva Santos remeteu para a fundação "O Século", este Verão sem argumentos financeiros para reiterar o que vem fazendo desde há 28 anos: levar meninos carenciados a uma colónia balnear. Este empresário da indústria farmacêutica fez questão de publicitar este seu filantropo ato, visto que, segundo as suas próprias palavras, "há muita gente que pode ajudar e não o faz [pois] estamos a falar de meia dúzia de tostões para quem está na lista dos 25 mais ricos de Portugal, para quem 300 milhões de euros ou 400 milhões. Talvez assim percebam que uma quantia insignificante para eles pode terum enorme efeito".
É uma inelidível verdade que em Portugal não existe uma cultura de aproximação filantrópica dos mais ricos à comunidade. A pátria, para eles, não é mais que um lugar vazio, um lugar existente algures entre um espaço financeiro de quanto mais melhor. Umbilicalmente melhor.

coisas

vamos pela estrada e sentimo-nos bem. lá fora, o vento sopra, a neve cai, voam duas aves perdidas. eu sei que tenho de chegar a algum lugar...


neste momento...