terça-feira, janeiro 21, 2014

coadoção pelos jotas

A democracia tem destas coisas. Uma delas são os partidos. Alicerce de qualquer regime democrático, os partidos políticos portugueses vivem ainda no passado. E o passado, neste caso, chama-se juventudes partidárias. Não me quero alongar na razão de ser destas quotas de jovens nos diretivos partidários, os quais fazem com que muitos destes rapazes e raparigas sejam respeitados deputados da nação. Presumo que para se ser democrático, o partido tem de ter a juventude institucionalizada. Destas géneses orientadoras dos partidos políticos saem depois estas ideias extraordinárias. Na última semana tivemos duas: o atraso na escolaridade obrigatória para nove anos e o referendo à coadoção por casais do mesmo sexo. Confesso a minha estranheza anacrónica. Que raio de lembranças esta rapaziada extravasou! Não terão nada mais útil com que se entreter? Não saberão eles que estão, com estes acordares, a determinar o futuro de muitas pessoas?
Ando em fase de propostas. Aqui vai mais uma: para se elaborar projetos de resoluçaõ deste teor, relacionados, determinantemente, com uma consciencialização social, proponho que as mesmas não sejam feitas e/ou apresentadas pelas juventudes partidárias ou pelos deputados que as representam. Assim, já não poderia o partido sénior esconder-se por detrás destas luminárias. E poupava-nos algumas chatices.

quinta-feira, janeiro 16, 2014

proposta singela

Humildemente, proponho que o tal dia de não sei quantos de junho (ou será julho ou mesmo maio?) seja solenemente consagrado como feriado nacional. 1640 já lá vai e já não é descanso semanal, o mesmo para 5 de outubro. Resta, então, o mais glorioso dos nossos dias, levado a cabo pelos Nunos Álvares hodiernos, comandados estes pelo mor Portas. Nesse dia, gritaremos todos, nesta finisterra europeia, que escorraçamos a troika, não a pontapé, mas em esperteza. Somos, assim, o mais interessante povo europeu, o melhor do mundo, diz Gaspar que já por lá anda a fisgar um qualquer outro plano de resgate financeiro.
Resta-nos homenagear os vivos, nós que nem esse hábito temos. Os vivos, os heróis populares do nosso imaginário, os que buscam, desaprazidos, os caixotes do lixo urbano, os que migalham nas cantinas escolares, os que emigram, os que suicidam (esses não, já estão mortos), os velhos pensionistas que refazem a aritmética derradeira, os precaríssimos e os que, de precários nada têm porque desempregados estão e, finalmente, dentro destes, os 45% que jamais arranjarão um emprego na sua vida.
A esses portugueses, os sacrificados pela pátria, os verdadeiros patriotas, presto aqui a minha homenagem. E não é em nome do governo porque eu não sou ministro.

quinta-feira, janeiro 09, 2014

paulo portas, o presidente

O Sr. Pires de Lima, distinto ministro da economia, milagreiro do reino, lançou para a agenda mediática, a ideia: Paulo Portas daria um belíssimo Presidente da República! As premissas disto fundamentam-se nas qualidades do homem: experiência, esperteza e outras coisas do género. Por mim, nada a dizer. O grau zero em que se encontra tal cargo (o mais alto institucional da nação, por acaso) garantem-se que, a partir daqui, só pode melhorar. É um pouco como o estado da economia do país: agora só pode iniciar-se uma tímida ascensão. Entre mortos e feridos, alguém há de salvar-se.

quarta-feira, janeiro 08, 2014

o panteão de eusébio

É praticamente impossível não gostar de Eusébio. Neste sentido, só alguém muito desavindo com a vida e com Portugal é que não ficou emocionalmente tocado com o seu desaparecimento. Como sempre, as pessoas aderiram à chamada das televisões. O direto funerário foi, de certo modo, uma festa para os media televisivos. De máquina em punho, todos paravam para fotografar o morto, com a família a seu lado. Cá fora, eram entrevistados singular e coletivamente os mais pintados dos cidadãos, fossem eles do tempo do Eusébio ou, pelo contrário, nunca haverem balbuciado, alguma vez, o seu nome. Posto isto, o Panteão Nacional era uma inevitabilidade. Eusébio da Silva Ferreira, moçambicano e português, futebolista de primeira água, cidadão ameno, tesouro de um Portugal passado (e é isso que ainda ninguém desenvolveu: esta nossa pretensão teimosamente saudosista do salazarismo enquanto tempo de pseudo-apaziguamento social) irá repousar eternamente junto dos nossos mais ilustres cidadãos, daqueles que nos ajudaram a definir enquanto povo e nação.
Posto isto, Cristiano Ronaldo, português igualmente reconhecido no seu ramo e ameno cidadão, é o único português vivo que sabe que o seu destino será o Panteão, o nacional.

coisas

vamos pela estrada e sentimo-nos bem. lá fora, o vento sopra, a neve cai, voam duas aves perdidas. eu sei que tenho de chegar a algum lugar...


neste momento...