domingo, julho 31, 2011

jardins

E por falar em mundos à parte... Grande declaração de Jardim, hoje, nos preliminares do Chão da Lagoa: se não tiver maioria absoluta, sairá de cena. Obviamente, sr. Jardim, ninguém esperaria outra coisa.

assuntos internos com dinheiros públicos

Gosto de ouvir os Madaíles da nossa praça afirmarem o que o do futebol transmitiu caprichosamente aos jornalistas: o prémio de 720 mil euros que Carlos Queiroz vai receber da Federação Portuguesa de Futebol é uma questão interna, interna e da sua gestão. Tudo isso é claramente verdade. Acontece que a Federação Portuguesa de Futebol é uma instituição pública. Logo, não é coutada do Madaíl. Logo, pode ser assunto interno, mas não é, seguramente, privado. Ou o futebol é, definitivamente, um mundo à parte?

sexta-feira, julho 22, 2011

portugal pequenino

Visitei prazenteiramente Guimarães. Esperava dececionar-me. E dececionei-me.
Com o sempre apetecível e anuente pretexto de estarmos inseridos numa lógica internacionalista de bom gosto, os autarcas, os governantes, os administradores arregaçam as mangas e toca a fazer obras, que já se afigura tarde. Foi assim que presenciei a outrora bela praça do Toural solvida num grande e aparatoso estaleiro de construção civil. É para o que servem estas candidaturas a capitais de alguma coisa. Estou certo que o resultado da transfiguração da praça será igualmente aprazível, moderna até. Aposto mesmo que nascerão alguns focos de luzes a iluminar uma qualquer fonte. Mas a questão que se deveria ter colocado quando os génios começaram a pensar a coisa era tão somente se valeria a pena alterar um dos maiores símbolos identificativos da cidade. E se o dinheiro gasto não seria melhor encaminhado para outra coisa qualquer. Mas nós somos assim. O Governo nomeia uma bem paga administração, aponta-lhe um interessante plafond e exige mudanças. E estas não podem ter outro contexto referencial senão as obras. E estas nascem, inventam-se e reinventam-se.
Um outro sinal da nossa pequenez deu-se também esta semana com a atribuição da medalha de ouro que a autarquia de Vila Real concedeu a Passos Coelho. A miopia vem, aliás, dos dois lados: de quem dá e de quem açambarca. A pergunta que se deveria ter colocado quando estas outras luminárias se lembraram de tão glorioso tributo era, simplesmente: qual a pressa?

quarta-feira, julho 20, 2011

conselho europeu

Hoje há conselho europeu: Angela Merkel e Sarkozy reuniram à porta fechada. E todos acham isso muito normal.

os privilegiados

Deleito-me um pouco com a moda agora imposta por alguém que a iniciou entre os comentadores políticos de assumirem os seus esgares de privilégio. "Eu sou um priveligiado, reconheço... sou daqueles que irá contribuir, em sede de irs, com metade do que aufere..." e assim por diante. Aí está uma profissão que compensa!... Acima deles, nestes tempos difíceis, só mesmo os clubes de futebol.

quinta-feira, julho 14, 2011

o colossal alinhamento de passos coelho

Afinal, a receita é para cumprir, o rotativismo oblige. Aliás, desde a monarquia constitucional (com o devido e respeitoso interregno da ditadura do Estado Novo) que este tipo de atuação política tem feito escola em Portugal. Ora um, ora outro, assacando as culpas ora a um, ora a outro. Claro que culpabilizando o antecedente à porta fechada, o efeito resulta mais requintado. "Os senhores jornalistas estão a extrapolar, as coisas não foram bem assim, não obstante..."
Ainda ninguém notou que esta é mais uma promessa quebrada de Passos Coelho. É a versão soft do "Portugal está de tanga", do inoperante e desertor Barroso.

quarta-feira, julho 13, 2011

a europa e o rating

Só o facto de se exigir, no meio de uma Europa em desvario mental, uma agência de notação financeira europeia é preocupante. É que na base dessa exigência assenta o manto obscuro da transparência, da independência relativamente aos interesses americanos, com o dólar à cabeça. Tudo seria realizado como um caminho límpido, natural, inevitável se... se não tivéssemos andado a reboque destas agências (são três as mais decisivas) durante estes últimos anos, os mesmos que colocaram a Europa na penosa existência atual. E quando se reflete sobre a ausência de verdadeiros líderes políticos neste velho continente é precisamente destas coisas que se fala, isto é, a atroz incapacidade de ver mais além.

terça-feira, julho 12, 2011

a hipocrisia da união europeia

A União Europeia, um projeto revolucionário e visionário de poetas - como alinhavava Victor Hugo ao preconizar os Estados Unidos da Europa - tem, como fundamento - e podemo-lo verificar nas diretrizes dos Tratados de Roma, os quais originaram a Comunidade Económica Europeia - uma união cada vez mais estreita entre os povos europeus. Essa união asseguraria, inevitavelmente, o progresso económico e social dos povos europeus, eliminando as barreiras que dividem a Europa, assim como asseveraria o desenvolvimento harmonioso pela redução das desigualdades entre a diversas regiões e do atraso das menos favorecidas.
Quer isto dizer, simplesmente, que os países, seriam todos tratados por igual, independentemente das idiossincrasias inerentes a cada um.
Ontem ouvi Zapatero, compungido e sério, falar das ramificações que a crise pode trazer para o resto dos países periféricos, como, por exemplo, Itália. Deixando de lado o seu país, o primeiro-ministro espanhol adjetivou a Itália como um país importante. Sem querer, Zapatero deslocou-se para o cerne de tudo isto: a Europa, na cabeça destes líderes, não é toda igual. Por conseguinte, há os países importantes e outros menos importantes. Por isso a cosmética de certas eleições e reeleições para o cargo de Presidente da Comissão Europeia não é mais do que isso: pura cosmética. A sr.ª Merkel é que sabe.

segunda-feira, julho 11, 2011

a mudança no ps

Certos políticos, senão mesmo todos, empurram-me para caminhos cada vez mais íngremes da desacreditação. São como aqueles treinadores de futebol que remetem quase sempre para o árbitro (muitas vezes, o melhor do jogo) a culpa do mau desempenho da sua equipa e que só mais tarde conseguem vislumbrar os erros passados. Francisco Assis (ou melhor, praticamente todos os políticos da nossa praça) está assim entre este tipo de espécime. Sabemos que a situação que vivemos – dramática a vários níveis – decorre, sobretudo, da falta de visão dos protagonistas políticos ao longo, sobretudo, das últimas duas décadas. A encimar o clã não posso deixar de colocar Cavaco Silva, o qual primava por uma obscura e patética teoria do melhor aluno da Europa e que ainda há poucos meses, no fulgor da campanha eleitoral, lembrava. Decorriam então os anos oitenta, com fluxos extraordinários de euros convertidos em escudos a desaguarem diretamente para os bolsos de muito poucos, sem qualquer enquadramento de desenvolvimento hegemónico. Foi, como sabemos, o período do betão e do aparecimento de algumas personagens que agora são muito mal vistas pelo povo e também pela justiça. Depois de Cavaco, os pretendentes ao trono lá foram apontando os erros que pareciam não existir até à derrocada. Salto Guterres, que também saltou para fora do pântano, mas que também não teve engenho nem arte para sacudir o país dos vícios e maleitas adquiridas durante demasiado tempo.
Agora, depois de um marcante executivo socialista liderado pelo ausente Sócrates (dá sempre um jeitão – e fica bem – um cursito de filosofia no estrangeiro nestas alturas...), Francisco Assis, que foi tão-somente líder da bancada socialista no Parlamento, remete o partido para uma atónita autocrítica, ao afirmar que "o PS nem sempre soube fazer a pedagogia da crise" (seja lá o que isso signifique) e que era evidente há mais de um ano (!) que um "governo assente numa maioria relativa não tinha consistência". Adianta ainda, entusiasmado, que o primeiro-ministro "devia ter forçado um entendimento parlamentar há mais de um ano".
Acontece que a lembrança que eu tenho de Francisco Assis de há um ano para cá é a de um acérrimo defensor de toda a "pedagogia" política do PS de Sócrates. Nunca o ex-líder da bancada socialista se levantou contra medidas políticas conjunturais do governo. A culpa não é, decerto, só dele. Os partidos políticos estão assim estruturados, isto é, deixam de o ser quando se encontram na suserania governativa. Tudo porque os partidos são fracos porque são fracos quem os lidera. "O fraco rei faz fraca a forte gente", como escreveu Camões. A minha única dúvida é se existe forte gente.

domingo, julho 10, 2011

seremos todos comunistas (e bloquistas)?

A decisão da Moody's ao remeter-nos para o caixote do lixo trouxe aos nossos grupos de especialistas uma metamorfose ideotemática interessante. De repente, as agências financeiras já não vão para o céu. Pelo contrário, implorarão, incessante e inutilmente, a entrada para a barca da Glória. Mas os pecados são muitos e grandes. E os anjos jamais permitirão que estes onzeneiros (?) desenhem uma porta de entrada para o reino da salvação. Portugal poderá, assim, mais uma vez, marcar a história do continente e do mundo. Há males que vêm por bem.

quinta-feira, julho 07, 2011

a notação da moody´s

Um aspeto positivo da imbecilidade do prognóstico (o qual deveria seguir o pragmatismo de João Pinto, o antigo capitão do FCP, esperando pelo fim do jogo para então desenhar uma acertada antevidência) da agência financeira Moody's, que coloca a dívida pública portuguesa ao nível de lixo, liga-se à aparente (?) coesão europeia em torno desta inusitada decisão da agência financeira. Tenho pena que este enlaço político se fique por aqui e não tenha uma continuação efetiva, como, por exemplo, "cortar relações", por parte da União, com estas empresas de notação financeira.

terça-feira, julho 05, 2011

renúncia de nobre

Nobre renunciou e fez bem. Ele candidatou-se a deputado para ser eleito presidente da Assembleia da República. Não o conseguiu. Candidatara-se antes a presidente da República. Ficou também, inglório, pelo caminho. Pior do que sair, seria mesmo ficar.

segunda-feira, julho 04, 2011

portugal no seu melhor

Entretemo-nos com défices e crises gregas, com governos mal governados e com cidadãos mal amanhados, com a Europa e com os alemães que nos sufocam. Mas não somos capazes de parar um pouco e pensar nos resultados dos últimos Censos, designadamente no que diz respeito à distribuição da população pelo parco território nacional. É que se efetivamente houvesse, neste país de ping pong clientelar, políticos ou governos capazes de encetar verdadeiras reformas, começariam indubitavelmente pela mãe de todas: a homogeneização do território nacional. Tenho escrito e continuarei a ditar: jamais chegaremos sustentavelmente a qualquer esquina de desenvolvimento enquanto existirem concelhos, regiões inteiras, neste pequeníssimo país, que se lançam desenfreadamente para uma vergonhosa e dificilmente contornada desertificação humana. Depois, como é nossa sina, cavalgamos em escombros que nós próprios edificamos. E já gastamos trinta e tal anos de democracia, a mesma que não previa nada disto.

sexta-feira, julho 01, 2011

mau começo

O novo governo liderado por Passos Coelho começa mal. E tudo por causa do imposto extraordinário, o qual diminuirá em 50% o subsídio de natal dos trabalhadores portugueses que auferem mais do que o salário mínimo nacional. Não me interessa trazer para aqui a necessidade da medida (ficamos também hoje a saber que o buraco orçamental português se situa nos dois mil milhões de euros, o que porventura reforçará o enquadramento deste novo imposto). O que se revela incontornavelmente penoso é este bifurcamento temporal no qual os políticos costumam existir: o antes e o depois, o pré e o pós, a oposição e o governo.

coisas

vamos pela estrada e sentimo-nos bem. lá fora, o vento sopra, a neve cai, voam duas aves perdidas. eu sei que tenho de chegar a algum lugar...


neste momento...