sábado, setembro 29, 2012

ignorância e confiança

Um fim de semana interessante, este que se inicia hoje, sábado, nesta despedida de setembro. António Borges, uma espécie de cardeal mordomístico, acusou os empresários portugueses de serem ignorantes, e que não passariam do primeiro ano da faculdade. Tudo porque a baixa da taxa da TSU é uma medida "extraordinariamente inteligente", Borges dixit. Quem também não concorda, para além dos burros dos empresários, é a American Enterprise Institute, uma prestigiada revista norte-americana da área económica, que reforça a ideia de que a mexida na TSU teria sido um desastre.
Pela minha parte, acredito no sr. Borges, tendo em conta as extremadas inteligências que constituem o elenco governativo, todos, aliás, com carreiras universitárias brilhantes, como o exemplo Relvas atesta. Ah!... Relvas... Alertou, este ministro-adjunto dos Assuntos Parlamentares, para o perigo que constitui a crescente falta de confiança que os cidadãos europeus têm em relação aos políticos!... Li, embasbacado, a notícia. Quem? O Relvas? O Relvas?!
Não teria o PSD arranjado melhor locutor? O Relvas?!...

quinta-feira, setembro 27, 2012

a impunidade acabou

As declarações de hoje da ministra Teixeira da Cruz, ao afirmar que ninguém se encontra acima da lei e que a impunidade acabou (ao contrário de outros tempos próximos, presume-se), quando era interrogada sobre as buscas domiciliárias da judiciária aos ex-membros do Governo socialista, são, num saudável Estado de Direito, absolutamente intoleráveis. Não existe já Governo, somente franco atiradores.

não me filmas a cara

Nunca tinha visto um segurança tão zeloso em relação à sua imagem. Eu pensava que os seguranças não tinham preocupações filmogénicas. Por causa disso, um operador de camara foi agredido.

segunda-feira, setembro 24, 2012

a coisa do futebol

Os árbitros são os únicos elementos de um jogo de futebol aos quais não lhes é permitido errar. Os treinadores fazem asneira, os jogadores falham e inventam penalties (pergunto-me muitas vezes: como é possível o árbitro aperceber-se do número circense do jogador que mergulha, em ângulo perfeito, para a relva?), atiram ao lado, para a bancada e para as nuvens, os presidentes dizem asneiras e erram nas contratações... Mas o árbitro - muitas vezes a melhor equipa em campo - está sujeito ao escrutínio da câmara lenta, dos patetas comentadores da bola, e dos ululantes adeptos dos clubes, que vão, muitas vezes, atrás do pagode.

o formiguinha

Miguel Macedo quis somente homenagear, com a boutade fabulísitica da cigarra e da formiga, aqueles que produzem riqueza para o país, especialmente os que trabalham por conta de outrem, pequenos e médios empresários e também agricultores. Os outros, coitados, os que estão neste momento encostados às amarguradas cordas do desemprego por conta de outrem e por conta própria, são, portanto, as cigarras. Eu não disse? Passos Coelho, de facto, era incapaz de produzir melhores etapas discursivas. Será que é o sr. Miguel Macedo que lhe prepara os discursos?

domingo, setembro 23, 2012

as cigarras e a formiga

Miguel Macedo é uma formiga. Segundo o ministro da Administração Interna, há, em Portugal, muita gente que não faz nada, ou melhor, que vive à custa das ajudas do Estado. Talvez entusiasmado pelas recentes declarações de Mitt Romney, candidato do Partido Republicano à presidência dos Estados Unidos, que foi apanhado, mais ou menos em off, a denegrir, descaradamente, cerca de metade da população do seu país - precisamente a que vota em Obama -, o sr. Miguel Macedo esqueceu-se talvez da sua própria real politik, quando, por exemplo, resguardando-se numa qualquer legalidade idiota, recebia cerca de 1400 euros por mês de subsídio de alojamento, apesar de possuir um apartamento seu na área de Lisboa, onde reside durante toda a semana. Sabemos depois que esta formiguinha renunciou a este apetitoso bolo mensal, por vontade pessoal, como fez questão de sublinhar.
São, pois, exemplos deste teor que nos fazem falta. Tudo em nome dum cenário "muito, muito difícil", com "constrangimentos de soberania financeira" evidentes (palavras suas). Mais um precioso contributo para a paz social.
Passos Coelho não faria melhor.

sábado, setembro 22, 2012

conselhos de estado

Noto que alguns conselheiros de estado são vedetas da televisão ao nível do comentário político. No mínimo, é estranho. Esperamos por domingo e pelo dia de Marques Mendes na TVI para conhecer melhor as vicissitudes do Conselho. Belíssimas viaturas, as dos conselheiros.

sexta-feira, setembro 21, 2012

a manifestação e o país

Vejo na televisão um aglomerado de pessoas junto ao Palácio de Belém, onde decorre um extraordinário Conselho de Estado. Mário Soares abandonou a sala há umas horas. Presumo que, mais uma vez, foi uma voz dissonante dentro dos conselheiros, eventualmente irritado com os dois professorais plasmas que o ministro Gaspar usou na sua deprecante explicação. Independentemente de tudo, o momento é histórico. Cai por terra uma série de verdades feitas por pessoas que, de uma maneira geral, estão bem com a vida, isto é, têm a sua existência montada em bons ordenados. Uma delas tem a ver com a serenidade do povo português. Na verdade, o povo é sereno, mas não é burro. Pelo menos, até certo ponto. No entanto, há um ponto que paira vincadamente nesta estratosfera política: a de que os governantes não conhecem o país. Hoje espreitei várias vezes a televisão vi, amiudadamente, sorrisos na face de Passos Coelho e Gaspar. Nos dias que correm, os ministros deveriam auto decretar a proibição do sorriso.

conselho de coordenação da coligação

Que ideia mais estapafúrdia esta a de criar um conselho de Coordenação da Coligação. O que irá fazer? Imiscuir-se nos assuntos do Governo? Falar, antes das reuniões do Conselho de ministros, com cada um dos seus membros para alinhavar posições? Então o Relvas? Já não coordena? Esta gente gosta de se arvorar com minudências deste tipo. É, sem dúvida, o governo dos megaministérios e das minúsculas comissões. Tantos especialistas!

Adenda: vi a Comissão Política do PSD juntar-se na sede do partido. Todos, invariavelmente, com bons carros, de topo de gama, como convém. O secretário-geral do partido, ao lado do motorista. Vive-se bem, apesar de serem os políticos mal pagos.

segunda-feira, setembro 17, 2012

o país

Por muitas voltas que a nossa politizada imaginação consiga engendrar nos mais cerebrais e recônditos lugares, a manifestação de há dois dias foi uma chapelada que os portugueses ofereceram aos nossos governantes, os quais, incapazes de perceber o país e o povo, nada mais lhes restou do que enrolar meia dúzia de vacuidades que mais ajudam a agudizar a crise generalizada que vivemos.
Uma pergunta falta fazer aos políticos, sem demagogias: era o senhor ministro capaz de viver com o ordenado mínimo? A questão não é irrelevante. Esta pergunta feita, por exemplo, na Alemanha alcançava, decerto, resposta afirmativa. E é precisamente nesta questão que reside a falência de um receituário que mais não é do que o preenchimento de uma série de cruzinhas.

quinta-feira, setembro 13, 2012

o momento

Os momentos são fundamentais em política. Jerónimo de Sousa sabe-o muito bem e, pela primeira vez, desfiou os fios do tempo: está na altura de juntar esforços de esquerda e pedir a demissão do Governo. Estou de acordo. Este Governo, se tivesse um pingo de vergonha na cara, teria, desde logo, desde o momento que percebeu que o combate ao défice tinha, afinal, fracassado, pedido a sua demissão ao Presidente da República. Não me venham com a história da alternativa. Este tipo de desculpa é já muito velha e revela, no fundo, fraqueza política. A alternativa está aí. Está, por exemplo, na distancia crítica de militantes do PSD e do CDS-PP em relação à arquitetura decisória do executivo, na proposta do Jerónimo de Sousa, na alternativa crítica de Louça, no crescimento custoso de José Seguro. O que não podemos mais aturar é o sr. Gaspar, vindo de um escritório da União Europeia, com o seu bloquinho quadrado de deves e haveres na mão, a governar o nosso futuro. Passos Coelho é o que é: um primeiro-ministro demasiado fraco para o ser. O país não pode mais com isto.

coisas

vamos pela estrada e sentimo-nos bem. lá fora, o vento sopra, a neve cai, voam duas aves perdidas. eu sei que tenho de chegar a algum lugar...


neste momento...