quarta-feira, junho 29, 2011

o novo ministério da educação

Os tambores ressoaram para os lados da 5 de outubro, na cabeça de Nuno Crato, o novíssimo ministro da educação. Aliás, o pensamento pedagógico administrativo do crítico do eduquês que nos tem guiado ao longo destes anos já há muito absorvia retumbantes esgares de mudança. Com efeito, parece crescer um novo paradigma referencial alicerçado em meia dúzia de palavras: rigor, independência, avaliação, exames, valoração profissional. Neste último ponto - o da credibilização da classe docente - o escopo primeiro direciona-se para a prestação de provas, a qual permitirá (ou não) o acesso à carreira docente. A meu ver, nada a opor. Contudo, será mesmo necessário aferir a vertente cognitiva dos candidatos? Não será antes imprescindível refundar os cursos universitários das imensas universidades e institutos e escolas superiores (de educação, proeminentes em eduquês) que têm arriscado a formação dos futuros professores? Para além disso, não será demasiado perverso colocar em causa, em duas ou três horas de examinação, o trabalho de quatro ou cinco anos de estudos? Não seria mais pertinente se essa aferição que possibilita a entrada na carreira docente se fizesse alicerçada sobretudo em aspetos psicotécnicos? É que a profissão de professor não pode estar, efetivamente, entregue a indivíduos com pouca postura valorativa, ética ou moral. Infelizmente, são essas ausências que edificam, muitas vezes, a ramificação de opiniões negativas sobre a classe. Mas, como em todas as profissões, uma árvore não faz (não pode, não deve) a floresta.
Um outro ponto que queria apontar relativamente a esta credibilização da profissão docente tem a ver com a situação dos professores contratados. Na verdade, não consigo vislumbrar medida mais urgente - no sentido da dignificação da profissão - do que a integração dos milhares de professores que há anos (demasiados) nomadizam (ou não) nas diversas escolas públicas do país.

terça-feira, junho 28, 2011

os princípios fundamentais do ps

É simplesmente delicioso ver Maria de Belém, a aprazada líder parlamentar do Partido Socialista, advertir para o possível desvirtuamento da essência programática do PS se o acordo assinado com a Troika estrangeira colocar em causa os "princípios fundamentais do Partido Socialista". Maria de Belém vai mesmo mais longe quando afirma que há "várias formas de interpretar o conteúdo das medidas" e que é, portanto, imprescindível a "salvaguarda do nosso [PS] quadro referencial", pois o voto do partido não pode ser tido como seguro no âmbito do próprio acordo.
Confesso que não entendi esta alocução da ex-ministra da saúde. Estará para nascer outro partido socialista?

marcelo e bairrão

Marcelo, vetusto comentador da praça portuguesa e um pouco menos vetusto membro do Conselho de Estado falou, no seu espaço semanal de comentário televisivo, que Bairrão seria um dos próximos secretários de estado do ministério da administração interna. Passos Coelho, que tenta, a todo o custo, marcar uma relevada posição política, trocou as voltas ao professor comentador, remetendo o futuro secretário de estado para a desconchavada posição de ex futuro secretário de estado. Ora este episódio, um tanto cómico, remete Marcelo para um vínculo de autoridade ou de influência que ele, aparentemente, não possui. Assim, sempre que Marcelo queira riscar do mapa governativo alguma personagem, basta falar dele na sua conferência domingueira.

quarta-feira, junho 22, 2011

adjunto do presidente da câmara

O presidente da Câmara Municipal de Grândola nomeou para seu adjunto (para o gabinete pessoal do presidente) o seu filho, justificando o ato de um modo, digamos, suficientemente cordato. Segundo Carlos Beato, a nomeação tem uma relação direta com a confiança, pessoal e profissional. Daí que esta nomeação, de alguém que conhece há 29 anos (presumo ser esta a idade do filho), se encaixe, paradigmaticamente, na sua demanda. Para além disso, o agora seu adjunto desfruta de uma "qualificação académica bastante pontuada" e tem trabalhado em empresas do setor privado "ligadas à área do desenvolvimento e turismo".
Penso que com justificações deste teor não haverá muito mais a dizer ao sr. Carlos Beato para que ele entenda que o país se envolve, atualmente, no combate a este tipo de situações.

segunda-feira, junho 20, 2011

maria de lurdes rodrigues

Escrevi já muito sobre Maria de Lurdes Rodrigues. Posso resumir toda a minha prosa numa asserção: foi uma péssima ministra da educação, sem qualquer ideia pedagógica para o sistema educativo em Portugal, sem qualquer peso político, com pouca formação democrática. Teve a habitual recompensa que alcança este tipo de gente, com a nomeação, feita pelo chefe, para presidente da Fundação Luso-Americana, substituindo um já estranho Rui Machete. Soube-se hoje que foi constituída arguida pelo ministério público, acusada de prevaricação de titular de cargo político. Supostamente, andou a enriquecer um amigo (João Pedroso) com empreitadas de ajuste direto que eram manifestamente desnecessárias. Em causa estão dois contratos de valor superior a 300 mil euros para fazer a compilação, harmonização e sistematização legislativa no domínio da educação. Tratava-se, portanto, da constituição de um grupo de trabalho que fizesse um levantamento de todas as leis publicadas sobre o setor. Nada, decerto, que não conseguisse ser consumado por alguém do interior do ministério da educação.
Lurdes Rodrigues é, naturalmente, inocente de tudo isto, até prova em contrário. Mas o tempo de nulidades convidadas tem de acabar em Portugal.

a não eleição de fernando nobre

Fernando Nobre, após duas tentativas de eleição, retirou a sua candidatura ao cargo de Presidente da Assembleia da República. Não sei se era um bom candidato. É um homem independente e muito ligado à sociedade civil. Eventualmente, este perfil poderia, em certa medida, constituir uma mais-valia para o Parlamento. Convém não esquecer que o presidente da AMI obteve muitas centenas de milhares de votos nas últimas eleições presidenciais, ficando, julgo, com 14 ou 15% dos votos. Uma coisa me pareceria certa: Fernando Nobre não se vergaria a ninguém, enquanto presidente da Assembleia da República.
Fala-se agora em Guilherme Silva. Não vislumbro, neste hipotético candidato, uma espécie de delfim de Jardim, evidências mais clarificadoras para ocupar este cargo. Eu sei que conhece muito bem os meandros da Assembleia. Mas isso bastará?

ronaldo na turquia de férias

Estamos a iniciar mais uma "silly season", mas esta, em Portugal, afigura-se algo diferenciada das demais. O país anda num constante e trágico rodopio estonteante. O que nos resta? Iniciarmos as patetices mais cedo? Fiquei a saber que a namorada de Ronaldo andou por Miami (?) a tirar fotografias e fiquei também a saber que o casal se encontra de férias na Turquia, no iate do presidente do Besiktas (de quem é amigo), e que também ficaram instalados num hotel, cuja diária é de dois mil euros. Depois, seguem para o Algarve. Ah! e batizaram também o filho do futebolista...
Isto é notícia não só de televisões e jornais privados, mas também dos órgãos de comunicação social públicos, designadamente a RTP. O gosto também se educa. Infelizmente, o serviço público de televisão presta um servço medíocre ao país, salvo raríssimas exceções.

sexta-feira, junho 17, 2011

fernando nobre

A primeira questão fraturante da nova legislatura é a muito difícil eleição de Fernando Nobre para presidente da Assembleia da República. Em torno disto, a demagogia vai grassando por aí. A encimá-la, encontra-se, é claro, a falta de experiência parlamentar do candidato. Que eu saiba, não é exigido nenhuma experiência parlamentar aos deputados, nem de governo aos ministros. Continuamos, assim, no mundo da pura e fértil politiquice.

a formalização

Vi em direto, nas televisões, a formalização do anúncio do acordado e novíssimo Governo da República. A festa ocorreu num hotel de Lisboa e logo se me assomou uma questão: para quê tanto espalhafato? Estava lá tudo: repórteres aos magotes a acotovelarem-se nos corredores à espera daquilo que parecia ser um noivado, assessores atuais e futuros, secretários de estado que hão de vir a sê-lo, etc. Na verdade, alguma coisa esta gente aprendeu com José Sócrates.
Aquilo que ali se passou não passou de pura politiquice, para usar de empréstimo esta expressão que ainda hoje Soares empregou.

quinta-feira, junho 16, 2011

a pasta ou as pastas de canavilhas

Parece que Isabel Canavilhas lamenta não ter a quem entregar "as pastas", no novo executivo. Fica, pois, registado este suspiro.

quarta-feira, junho 15, 2011

garcia pereira recusa representar portas

O advogado Garcia Pereira tem todo o direito, enquanto profissional, de recusar representar quem quer que seja. O que não me parece deontológico é o advogado Garcia Pereira exaltar nos órgãos de comunicação social, em forma de comunicado (e mesmo na sempre aprazível e cómoda configuração de desmentido), essa recusa.

domingo, junho 12, 2011

o imediato antes e pós-sócrates

Findo o conturbado período eleitoral, o qual levou à demissão o líder do Partido Socialista, José Sócrates, inicia-se agora um processo de purgação na praça pública. Maria de Belém, uma (parece) caraterizada candidata a secretário-geral do partido, reflete, numa entrevista, que Sócrates não sabia ouvir, isto é, não perdia muito tempo a escutar os conselhos dos seus compaginados camaradas. Será, pois, verdade. O que eu não sei é se esses mesmos camaradas tiveram alguma vez coragem de transbordar esse copo que estava - sabemo-lo empiricamente agora - quase cheio. O PS teve um congresso não há muito tempo e não se discutiu, nem sequer por um minuto, a possibilidade de mudar de líder, de colocar programaticamente um fim a um ciclo que tudo indicava estar esgotado. Houve, na verdade, um desgraçado de um militante, remetido convenientemente para más-horas mediáticas, que defendeu que o partido devia ir a eleições com um novo secretário-geral. Mas esse militante, coitado, não era ninguém. E os ninguéns só contam, geralmente, na hora do voto, nas feiras e noutros lugares afins.

sexta-feira, junho 10, 2011

10 de junho

António Barreto levantou, no seu discurso comemorativo do dia de Portugal e de Camões, uma série de pontos críticos pertinentes. É bom ouvir palavras sem subterfúgios semânticos que os jornalistas, depois, teimam em decifrar e nós, reouvintes cansados, de sorver indignados.

a greve dos tripulantes

Será, provavelmente, um sinal dos tempos, mas acordar o fim de uma greve que se projetava naturalmente alicerçada em pressupostos reivindicativos dignos, pela aceitação de umas viagenzitas aos familiares grevistas revela a estirpe desta gente da tripulação da TAP.

quinta-feira, junho 09, 2011

as fatiotas

No que respeita a fatiotas, Paulo Portas bate todos aos pontos. Em campanha, é aquele que se mistura com o povão, essa massa anónima que por vezes aborrece, mas que é incontornavelmente útil em determinados momentos eleitorais. Depois é vê-lo sair das suas já reuniões ministeriais da sede do PSD, à Lapa. Aí o povo é ostensivamente ignorado e às perguntas dos jornalistas (para o povo, os que nele votaram), responde, deplorável e altivamente, com a fatiota. Segredo institucional, à Cavaco Silva, imposto pela fatiota de ministro.
E por falar em fatiotas, José Sócrates parece que já arranjou emprego. A política, afinal, sempre serve para alguma coisa.

adenda: entretanto, o ainda primeiro-ministro parece já ter desmentido a notícia do convite de Dilma. Não podia, aliás, reagir de outra maneira, visto ainda ser o chefe do governo da República. De qualquer modo, este eventual acolhimento do convite para representar as empresas brasileiras no exterior (europeu) não deixa de seguir uma longa tradição da nossa República.

terça-feira, junho 07, 2011

as declarações de ana gomes

O que se pode dizer das declarações de Ana Gomes, as quais colocam Paulo Portas como uma espécie de mafioso compulsivo, é que as mesmas são, no mínimo, despropositadas e extemporâneas. A meu ver, a eurodeputada anda, de certo modo, descompensada. Talvez porque nenhum jornal (ainda) a não cozinhou como putativa candidata a líder do seu partido; talvez porque anda numa qualquer ânsia de protagonismo permanente em casos de denúncia pública e justiceira; talvez porque quer estabelecer uma espécie de Sócrates à direita (a curiosa e extravagante pergunta da jornalista da Rádio Renascença, em plena catarse socratina, na noite da despedida, com o homem a suar por todos os poros do seu corpo, tentando estabelecer uma relação umbilical do poder institucional com a justiça); ou simplesmente talvez porque Ana Gomes terá uma qualquer estranha patologia mental.
Ana Gomes, com este número, deita por terra algumas das suas verdades, que também as teve.

bloco de esquerda

Muito se tem discutido ou analisado sobre a abruta queda do Bloco de Esquerda relativamente às últimas legislativas, quer em número de votos, quer em número de deputados. Na verdade, o Bloco reduziu para metade os seus representantes na Assembleia da República, atingindo, assim, o mesmo número de eleitos de 2005. A questão que (também) se deve colocar é se não estariam inflacionados os dezasseis deputados resultantes do ato eleitoral de 2009.

segunda-feira, junho 06, 2011

fábrica de candidatos

Mistura-se tudo muito bem misturadinho por entre a imprensa escrita, radiofónica e televisiva. Junta-se umas entrevistazinhas num qualquer vão de escada (pode ser mesmo à porta de elevadores, a subir ou descer, não importa), amadurece-se a massa para a tornar mais consistente, aperfeiçoa-se com umas poses de estado e eis que surge, em todo o seu esplendor, um mais ou menos candidato a líder do partido socialista.

a mudança que a eleição alcança

Estou propenso a crer que a eleição legislativa que hoje terminou marca o início de uma viragem do espetro político partidário do país. Não só ao nível de uma implacável rotatividade (a qual, na verdade, mais uma vez, ainda se confirmou) de maioria absoluta de um só partido que nos tem regido nestas décadas em democracia, mas também ao nível das lideranças políticas. Neste ponto, Passos Coelho apareceu como um líder que, pelo menos, trabalhou para a diferença. Neste sentido, disse, desde muito cedo, ao que vinha, não se escondendo em tradicionais e ilusórias retóricas políticas (um bom exemplo da continuação de um "modus faciendi" desgraçado aconteceu esta noite com António José Seguro, o qual não conseguiu manter a satisfação da derrota do seu partido, autoproclamando-se, à saída de um elevador do hotel, candidato a líder). Por isso, não tem, agora já eleito, de esboçar grandes mutações no que diz respeito à ação política. E isto vale não só para consumo externo (ao partido), mas também tendo em conta as ávidas vozes que (também tradicionalmente) se alevantam no mundo PSD. O seu discurso de vitória foi também um bom prognóstico, ao afirmar que não pediria contas ao passado e o que importa é olhar para o futuro. É, sem dúvida, um bom princípio e marca também uma diferença em relação ao seu antecessor (não houve praticamente um mês, ao longo dos últimos seis anos, que Sócrates ou algum do seus apaniguados não desse conta da temível herança recebida…).
Passos Coelho é o líder que, talvez a par com Jerónimo de Sousa, se apresenta mais igual ao comum dos portugueses. Daí que seria bom que a vertigem do cargo não enublasse esta sintomatologia social do até agora candidato a primeiro-ministro de Portugal. Neste sentido, serão sempre bem vindas medidas que cortem um certo "show off" sul europeu que Sócrates tão bem representou como, por exemplo - e sem demagogias - os carros de altíssima cilindrada nos quais os membros do Governo se fazem transportar. Também aqui as mudanças de mentalidade terão de ser iniciadas. E o exemplo dos países do norte da Europa (das mentalidades, sobretudo, isto é, a ausência de vaidades pueris e pacóvias) poderá, neste âmbito, ser elucidativo.
Tendo ainda em conta o pressuposto de uma alteração panorâmica do desenho político partidário do país, estas eleições poderão ter marcado o início do fim do Bloco de Esquerda, enquanto partido autónomo e representativo de um eleitorado consistente. O Bloco perdeu metade dos seus deputados e não é crível que os recupere algum dia, ainda para mais tendo em conta que será muito difícil uma nova vaga de migração de eleitores do Partido Socialista para o Bloco (será muito mais acreditável isso acontecer para o PCP, que se tem revelado um partido com uma indubitável solidez eleitoral). Neste sentido, uma eventual aglomeração eleitoralista do Bloco de Esquerda pelo PCP, ou melhor, pela CDU (PCP-PEV e também, no seguimento desta tese, BE) será um cenário muito mais expetável do que, em princípio, possa parecer.

domingo, junho 05, 2011

ps

Sócrates deve fazer o que deveria ter feito há muito: demitir-se da liderança do Partido Socialista.

psd e e hipocrisia

Ver Passos Coelho ao princípio e agora revela bem que este PSD se encontra (ainda) infestado de caciques, barões e baronetes. Vamos é ver se o agora líder e futuro primeiro-ministro consegue alterar (varrer) este estado de coisas.

eleições

Um dado a constar para as estatísticas políticas e eleitoraias é, sem dúvida, o resultado cada vez mais dilatado da abstenção. E não é, de facto, admissível que numa altura destas, de plena assunção de uma certa portugalidade perdida, os cidadãos se desobriguem desse dever cívico. Por outro lado, é também de constar a pertinência dos apelos do Presidente da República para que a cada eleitor correspondesse, efetivamente, um voto. Ou seja: que os eleitores não se transformem em potenciais eleitores. É simplesmente mais um dado a somar a outros para a importância do presidente na vida política de Portugal.

sexta-feira, junho 03, 2011

os donos de portugal

Curiosa a afirmação de Passos Coelho hoje, em Lisboa, defendendo a alteração do estado de coisas em Portugal que potencia uma cada vez maior desigualdade entre os portugueses. Coelho vai, neste sentido, ao encontro de Francisco Louçã (e de Jerónimo), quando afirma, por exemplo, que "há um punhado de gente que quase é dona de Portugal". Esta linguagem esquerdizante não é inocente: Coelho joga o tudo por tudo pela maioria absoluta e, sabendo que não pode mais pescar no CDS de Portas, não se coíbe de pescar à linha nos descontentes do PS e também em algumas incoerências comunistas e bloquistas. Chama-se a isto, simplesmente, eleições. Depois, é claro, tudo fica como aquele momento antes de tudo. E os papéis retomam os seus devidos escalonamentos.

quinta-feira, junho 02, 2011

campanhas

Hoje foi um dia em cheio para PS, PSD e CDU, que andaram a banhos de multidão pelo Porto (não tenho a certeza por onde andou Paulo Portas). Fica assim para memória futura o Porto, cidade de liberdade, cidade cujas pessoas têm o coração na boca, segundo expressão de Jerónimo de Sousa. Não sei, sinceramente, onde para o coração desta gente do norte em geral e do Porto em particular. O que me parece é que estas arruadas, divertidas e festivas, não são espelho de nada, nem mesmo do povo. Quando muito, refletem a hipocrisia dos políticos e da política "made in Portugal". Mas espelham também algumas pessoas, estas anónimas, as quais não têm mais para onde se virar, a não ser para o queixume estéril das campanhas. Outras, porém, olham para os partidos como se de clubes de futebol se tratasse (eu sei que Paulo Portas insiste nesta ideia, que não é, aliás, nova). Decididamente falta a esta gente o que sobra aos políticos e aos partidos, um não sei quê de algum maquiavelismo.

Adenda: interessante verificar os apoios sonantes que têm surgido timidamente em redor de Passos Coelho. Hoje, especialmente, gostei de ver Rui Rio na arruada de Santa Catarina.

quarta-feira, junho 01, 2011

dia mundial da criança

Nunca o dia mundial das criancinhas foi tão insistentemente focado por esta gente que anda por aí em campanha eleitoral. A esquerda, então, tem-me enternecido o coração. Ver Luís Fazenda, Louçã e Jerónimo (que até as comia ao pequeno-almoço) assim tão infantis, assim tão de corações partidos, é coisa que efetivamente modificará o voto de muita boa gente. O que não sei é para que lado.

agressividade social

Há tempos, uma velhota foi encontrada em estado já de putrefação, esquecida pelo mundo que lhe era próximo. O país ficou com um sincrónico estado de depressão. De repente, outros casos, de invariáveis mortes esquecidas, iniciaram o seu aparecimento nos ecrãs jornalísticos.
Agora o tempo da comunicação social é outro: comutaram-se simplesmente os idosos por jovens sintomaticamente espancados por outros jovens, estes notoriamente depravados. Depois disso, outros casos virão e, depois destes, os mesmos. Ficará tudo na mesma?

coisas

vamos pela estrada e sentimo-nos bem. lá fora, o vento sopra, a neve cai, voam duas aves perdidas. eu sei que tenho de chegar a algum lugar...


neste momento...