terça-feira, novembro 26, 2013

exortação à violência

Pois é, Mário Soares está muito bem acompanhado pelo Papa Francisco. O sr. Portas, o irrevogável, estará já neste momento a preparar uma declaração que será atempadamente entregue no patriarcado de Lisboa, porventura pelas mãos do extraordinário sr. Machete, agora convenientemente silencioso, expressando a sua mais profunda e católica indignação perante apelos tão pungentes à violência. Com efeito, o teor da exortação apostólica "Evangelii Gaudium", do Papa Francisco, é muito crítica aos atuais tempos que correm desregrados. Por exemplo, está lá escrito que a desigualdade e a exclusão social "geram violência" no mundo e podem provocar "uma explosão".
Como sabiamente diz o sr. Arnaut de Mário Soares, é preciso dar-lhe um desconto. Andamos nisto.

domingo, novembro 24, 2013

o irrevogável sr. portas

A política é, infelizmente, também uma escola de descaramento. Ouvir o sr. Paulo Portas criticar as palavras de Mário Soares, no tom irrevogável que o carateriza, é, de facto, coisa estranha. O desavergonhamento, para o vice-primeiro-ministro, situa-se para além do infinito.

quinta-feira, novembro 21, 2013

traidor

Não quero exagerar nos vocábulos. Vou, por isso ao dicionário: traidor significa aquele que trai. Fiquei ainda na suave expetativa. Retomo então a consulta com outra entrada, a correspondência verbal do nome. Assim, trair significa, de entre outros paralelismos semânticos, "faltar ao cumprimento de, trair os seus juramentos". Fiquei mais descansado. Afinal, o meu pensamento tinha fundamento linguístico cabal.
Penso na amargurada e fragilizada Constituição da República Portuguesa. Como qualquer Lei Fundamental de qualquer país Europeu, é dela que nascem os alicerces do Estado de Direito, por exemplo. Daí que me sinta particularmente revoltado quando vejo os sucessivos bombardeamentos que a Constituição tem sido alvo ao longo dos últimos tempos, tanto interna, como externamente.
Há um ator político que tem como principal função a defesa intransigente da Constituição. Lembro-me de o ver a jurar o rigoroso cumprimento dos preceitos dela emanados. Não sei se o Presidente da República Portuguesa pode ser considerado, dentro do registo sinonímico da palavra, um traidor. Sei, por certo, que a sua existência política se carateriza por uma não-existência. E isso é igualmente muito grave.

quarta-feira, novembro 20, 2013

ganhamos, vamos ao mundial!

Ponto final? Não, claro que não. E era precisamente nestes aspetos que deveríamos copiar o comedimento de outros povos. É óbvio que fiquei contente com o apuramento de Portugal para o Mundial no Brasil. Mas o que aí vem, de ora em diante, com Ronaldo a melhor do mundo, as razões e os recados deste e daquele, o brilhantismo dos comentadores, as televisões vergadas ao populismo mais ignóbil, etc., etc., etc. leva-me a concluir que tudo isto era, alegremente, desnecessário. Mais um sedativo para o povão.

quarta-feira, novembro 13, 2013

mário soares

De vez em quando aparecem pessoas de outras alturas que nos aclaram a alma, tão vilmente obscurecida por estes absolutos transgressores que nos calharam no carrossel da vida. Desta vez, foi Adriano Moreira, a respeito de Mário Soares: "Foi um combatente e parece que quer morrer a combater".
É assim a vida.

segunda-feira, novembro 11, 2013

deixem falar o homem

Rui Machete anda desgraçado. Quando abre a boca, sai a invariável asneira. Depois, há aquela sintomatologia dos outros que ouvem, como se as declarações do sr. Machete tivessem relevância nos mercados. Como se as declarações do sr. Portas tivessem relevância nos mercados. Como se as declarações do sr. Coelho e do sr. Seguro juntas tivessem alguma sinalética no mundo financeiro internacional, designadamente nos mercados. Para além disso, acaso teria dito alguma asneira o sr. Machete? Não tem a maioria dos países do euro, Alemanha incluída, taxas de juros baixas? Salva-nos o tradutor oficial do PSD, o sr. Marco António, para ficarmos devidamente esclarecidos.

segunda-feira, novembro 04, 2013

a privativação educativa

Vi a reportagem da TVI sobre as chamadas escolas contratualizadas. Fico abismado com o que é desgraçadamente óbvio: os favores e os desgovernos de uma fraca República. Para mim, bastaria uma pequena questão: como é possível um Estado laico financiar um colégio religioso?
No entanto, não é este o enfoque da reportagem. Esta, oportunamente, põe em causa a seriedade de gente formada num chico-espertismo nacional: ex-governantes que passam a presidentes e conselheiros de grupos de ensino, por exemplo. Escolas públicas capazes de receber turmas mas que as não recebe porque o Estado está a financiar o colégio mesmo ali ao lado. Apesar de toda a cartilha neoliberal deste Governo, isto não é liberdade de ensino. Até porque as diretrizes para estas escolas contratualizadas não diferem daquelas que são apresentadas à escola pública. O que diverge aqui diz respeito, fundamentalmente, às condições oferecidas a uma e a outra. E volta-se, sempre, à enviesada questão que tanto agrada a esta gente: por que razão os pais não podem escolher as escolas dos filhos?

a reforma do estado do sr. portas

Andamos há meio século a falar de reforma do Estado, já nos idos marcelistas. Foi pois necessário o surgimento deste verdadeiro D. Sebastião para que das trevas se fizesse luz. O Sr. Portas, valoroso e patriótico homem, prometeu. Prometeu e cumpriu. Finalmente, o documento que alterará as nossas vidas, o nosso Estado, a nossa República, entrou de um inchamento rompante nas telas televisivas. O sr. Passos não se ouve, as ululações centristas são variegadas e oportunas no comentário. Até o nosso presidente refletiu. Pela minha parte, humilde e interessado cidadão deste nosso canto europeu, desejo apenas saber se o documento que o sr. Portas zelosa e sabiamente concebeu é também da classe dos irrevogáveis.

coisas

vamos pela estrada e sentimo-nos bem. lá fora, o vento sopra, a neve cai, voam duas aves perdidas. eu sei que tenho de chegar a algum lugar...


neste momento...