domingo, setembro 28, 2014

a vitória de costa

Em primeiríssimo lugar, penso que a vitória de António Costa significa o princípio do fim deste Governo, liderado por Passos e Portas. Ou seja: Costa está agora em muito melhores condições para abranger um eleitorado que extravasa o próprio PS , situando-se aquele ora mais à direita, ora mais à esquerda, incluindo-se aqui putativos candidatos independentes e antissistema como, por exemplo, Marinho e Pinto. Tem, pois, sorte António Costa de só aparecer agora e não levar com a surpresa do ex-bastonário da Ordem dos Advogados nas lides eleitorais (este raciocínio vai ao encontro de um dos principais argumentos de António José Seguro decorrente da sua campanha: por que razão não apareceu Costa há um ano ou dois?). Neste sentido, é melhor candidato a primeiro-ministro do que Seguro.
Dito isto, vejo as festanças na televisão, assim como as declarações de responsáveis do partido e há um não sei quê de supina incongruência nas respetivas atitudes e afirmações. De onde se espera ajustamento e ordem, derrama-se fel. Espero, sinceramente, que tudo isto seja fruto de um esgar natural de três longos e penosos e acrimoniosos meses. O importante é, sem dúvida, derrotar a troika Passos, Portas e Cavaco.

sexta-feira, setembro 26, 2014

suspeitas políticas

Segui razoavelmente o debate quinzenal no Parlamento. O assunto, como não podia ter deixado de ser, rondou as suspeitas que recaem sobre Passos Coelho aquando da sua passagem pela Tecnoforma ou - o que vai dar mais ou menos ao mesmo, embora a retórica política do primeiro-ministro e compagnons de route nos queiram intuir do contrário - do Centro Português para a Cooperação, uma ONG umbilicalmente ligada à empresa que tinha como lema a "inovação, a excelência, o compromisso" (Tecnoforma). Devo dizer que o argumentário do primeiro-ministro, natural e antecipadamente visto e revisto pela sua equipa, não me convenceu. É que ficamos, afinal, sem saber, quanto e com que periodicidade é que Passos Coelho recebeu das chamadas despesas de representação, as quais não me parecem ter, geográfica e substancialmente, extravasado, se tivermos em conta as vezes que foram reiteradas, pelo próprio, as cidades de Bruxelas e Porto e também, isoladamente, Cabo Verde.


Adenda: entretanto, vi e ouvi o advogado da empresa (que pensava falida) Tecnoforma, com olhar abertamente ameaçador, a disparar contra todos: o jornalista António Cerejo, do Público, comentadores (alguns) e um membro do Governo. Quanto ao que interessa, isto é, o valor recebido por Passos Coelho, remete a sua dilucidada resposta para um não me lembro e também para as declarações do primeiro-ministro no Parlamento.

quinta-feira, setembro 25, 2014

passos coelho e a pgr

Não entendo a esperteza do Passos Coelho em pedir à Procuradoria-Geral da República que investigue eventuais ilegalidades processuais que dizem respeito à sua ligação com a empresa Tecnoforma. Como salientou Mota Amaral, bateu na porta errada, visto que qualquer ato passível de crime fiscal havia já, naturalmente, prescrito. Toda este imbróglio em que se encontra metido Passos Coelho é, no mínimo nebuloso e não se apaga com declarações avulsivas que amanhã, possivelmente, vamos ver por parte da empresa.

subida do salário mínimo: sempre é melhor que nada

É dos argumentos mais repugnantes que ouço para justificar o aumento em 18 euros do salário mínimo, o que equivale a cerca de 50 cêntimos diários: sempre é melhor que nada. A questão, não se prende, obviamente, com o "sempre é melhor que nada", mas antes com a dignidade das pessoas que recebem o salário mínimo. Já o escrevi e hoje tive oportunidade de ouvir, num fórum televisivo, um pedreiro usar o mesmo argumentário: pago 300 euros de renda de casa, 70 de eletricidade e gás, vinte de água, [não sei quanto] de passe social... gostava de ver o sr. primeiro-ministro governar-se com o salário mínimo.
Ou seja: não se pode gizar o valor do salário mínimo a régua e esquadro. Este tem de dar para viver com dignidade. É um dos pontos estruturantes de um país que se deseja civilizado.
Ainda a este propósito, a triste coincidência de andarmos a discutir uns eventuais 150 mil euros que o sr. Passos Coelho não se recorda de ter recebido, nos idos anos 90, pelo trabalho prestado na Tecnoforma. Não tenho dúvidas que o pedreiro que ouvi na televisão se recorda dos 150 euros que eventualmente tenha recebido por um trabalhinho de há quinze anos atrás. Somos ou não somos um país de desagradáveis assimetrias?

terça-feira, setembro 23, 2014

antónio seguro e antónio costa - tomo iii

Achei este terceiro debate muito pouco esclarecedor e enfadonho. Penso que foi um exagero a repetição deste formato nas três televisões. Para além disso, estou propenso a crer que este último debate, mais do que massificar os simpatizantes e militantes do PS no voto dia 28, teve o efeito contrário, ou seja, desconciliou aqueles que de alguma forma já haviam decidido votar no próximo domingo.

segunda-feira, setembro 22, 2014

a salsicha de passos coelho

À parte da insólita expressão "salsicha educativa" proferida por Passos Coelho na cerimónia de abertura do ano letivo no Conselho Nacional de Educação, todo o discurso do primeiro-ministro é perfeitamente enquadrável num ignóbil teor proto-reacionário. Na sua cabeça, prevalece e cimenta-se a ideia de que antigamente é que era e que as várias reformas educativas ao longo destes anos (leia-se, pós-25 de abril) mais não trouxeram do que  a deterioração da qualidade do ensino. Está, pois, muito enganado o senhor primeiro-ministro. Bastaria, simplesmente, olharmos para o número de jovens que estudam para concluir o contrário, ou seja, a massificação traz (ou pode trazer) também qualidade. O que a abertura da escola a todos não pode assegurar é ministros competentes. E, infelizmente, o que de mais visível estes três penosos anos trouxeram à educação foi precisamente uma postura negativista sobre um avanço civilizacional que a escola pública representa ao possibilitar um alargamento de um leque de entradas educativas, independentemente das variáveis financeiras e etárias de cada cidadão. Obviamente, para pessoas como Passos Coelho, a escola pública deve situar-se a milhas deste desígnio de formação integral

domingo, setembro 21, 2014

três horas de tony carreira

Olho para a programação de hoje da RTP1 e vejo que na grelha estão plasmados três programas sobre o cantor Tony Carreira, totalizando três horas de emissão. Não tenho absolutamente nada contra o Tony Carreira, mas não posso deixar de anotar o desplante dos editores de programação da televisão pública ao carregarem, desta maneira, uma noite de domingo. Parece coisa pouca, mas, infelizmente, não é.

casais docentes desempregados

Em agosto, aumentou o número de desempregados, face ao mês anterior. Destes, cresceu igualmente o número de casais desempregados. Parece-me óbvio que estes dados encontram-se diretamente ligados à classe docente que, invariavelmente, entram nesta altura do ano num lamentável limbo interrogativo. Acontece que muitos docentes são casados com outros docentes. Acontece também que grande parte deles não são propriamente pós-adolescentes: têm filhos e contas para pagar.
Quando se discute o panorama dos jovens desempregados, seria bom que houvesse, por parte de quem tem responsabilidades, um olhar construtivo sobre estes números. Por exemplo, não consigo entender, no que aos docentes diz respeito, por que razão não se vincula automaticamente quem tem um certo número de anos de serviço (sem as pantominas dos anos e horários completos) e uma certa idade. Por exemplo, dez anos de serviço e quarenta de idade.
Demasiado simples? Penso que será, para aquelas cabecinhas da 5 de outubro.

quinta-feira, setembro 18, 2014

o referendo escocês

Por regra, sou a favor dos movimentos independentistas. Na verdade, não vislumbro qualquer problema se uma região, nimbada de valores próprios de uma nação, decidir consultar o seu povo sobre uma efetiva independência. Desde que essa vontade não se encontre alicerçada em radicalismos vários (terroristas, sobretudo, religiosos ou outros), a solução para a formação de um novo país, com autonomia plena, afigura-se-me perfeitamente plausível. Penso, por exemplo, em Portugal que, tal com a Catalunha, podia neste momento estar a braços com movimentos referendários similares.
O que eu já não vejo tão bem é a objetiva inerência de uma atormentada União Europeia em todo este processo escocês. Faz-me lembrar a experiência do referendo na Irlanda sobre o Tratado de Lisboa, que teve de ser repetido para que o não se metamorfoseasse em sim.

o arranque, no parlamento, do ano letivo

O debate sobre o arranque do ano letivo no Parlamento serviu para ouvir o desgastadíssimo e lamentável Crato assumir os erros respeitante à bolsa de contratação de escolas. Como salientou Luís Fazenda, do Bloco, à terceira foi de vez. Lacónico no início do debate, sempre pensei que não sairia jamais Nuno Crato desse registo cobarde. Enganei-me, apesar de pensar que foi mais por obrigação do que por humildade democrática a sua alteração comportamental. Os erros vão, pois, ser corrigidos. Do mal o menos. De qualquer modo, penso que se torna imprescindível a demissão do ministro. Para que não achemos normal um ministro ser espremido ao ponto de se perder toda a dignidade do voto que os eleitores, indiretamente, lhe outorgaram.

 adenda: quero anotar, simplificadamente, o seguinte: a FNE, estes dias, deve ter perdido centenas, senão milhares de associados

quarta-feira, setembro 17, 2014

o absolutamente extraordinário sr. Crato

Eu vi hoje, em direto no Telejornal, o Sr. Crato, que é ministro da educação, a enviesadamente explicar o descalabro do concurso de professores na sua variante bolsa de escolas (é importante dar conta deste facto - variante - porque ocorrem, neste momento, três variantes de concursos de professores, a saber, contratação inicial, bolsa de escolas e oferta de escolas). E o que eu vi foi demasiadamente confrangedor. Tive até um vago e rapidíssimo sentimento enternecedor sobre o estertor oriundo da sua prestação televisiva. Mas Crato foi igual a si próprio, isto é, de um hebetismo total, de quem não consegue perceber o que está em causa. E o que está em causa, para além do óbvio (a vida de milhares de professores e a total inaptidão desta equipa do ministério da educação) é a própria descredibilização da política. Se o Sr. Crato tivesse um pingo de decência política, simplesmente demitia-se. De preferência, sem pedir conselho ao Sr. Portas.

onde para a ética republicana?

A inércia social aqui anotada arrasta-se a este extraordinário Governo. Em nome da ética republicana, dois ministros deveriam estar já demitidos ou demissionários: o Sr. Crato e Paula Teixeira da Cruz. Sabemos o que se passou há um ano com o Sr. Portas: alargou, politicamente, o campo semântico da palavra irrevogável. Nada de anormal se passa com esta gente. No fundo, é baralhar e dar de novo. Onde para Cavaco? Onde para a República?
Convém lembrar o que aconteceu com ministros socialistas a respeito, por exemplo, da queda da ponte de Entre os Rios, ou com António Vitorino e o seu monte alentejano. Poderíamos concluir que estamos perante personalidades individuais e, portanto, diferentes. Nada mais errado. Todas estas situações partem duma idiossincrasia que tem vindo a grassar, de forma propositada, neste novo partido social democrata, onde a ética republicana e a consequente causa pública ou serviço público são meras expressões vácuas e disparatadas.

domingo, setembro 14, 2014

a inércia

Passamos três anos a discutir números: défices, desemprego, juros, fiscalidade, etc. Paulatinamente, passamos a acreditar nos números, fossem ou não contraditórios e repescados. Acontece que uma sociedade não é feita de números. À medida que os variadíssimos filosofemas aritméticos grassavam na comunicação social cada vez mais especializada, a nação, enquanto existência coletiva com vista ao seu aperfeiçoamento cívico e cultural, ia definhando e - salvo raras vozes por vezes apresentadas por essa mesma especialização económica como pitorescas - caindo numa espécie de apoplexia generalizada.
Assim, parece que ainda não compreendemos que o nosso maior défice atual não é o do qeu a generalidade dos economistas proclama. É, antes, o do pensamento, o de termos a capacidade de nos olharmos criticamente, de termos a noção do que fomos e do que somos, sem qualquer espécie de nacionalismo entupido. Augusto Fuschini escrevia, nos finais de oitocentos, que vivíamos um período de passividade generalizada, de cobardia e de indiferença, do encantamento perante o uso da palavra ornamental sem conteúdo. Nesse período da monarquia constitucional, dois partidos partilhavam o poder entre si, a esfera pública denegria-se, os cidadãos não estudavam e não tinham cultura cívica.
Hoje, porém, tudo deveria ser diferente. Desapareceram os analfabetos, estudamos mais e somos mais civilizados. Acontece que tudo isso não basta. Elegemos quem não merece. Somos escandalosamente enganados e continuamos a acreditar. Vivemos uma ditadura de quase meio século que, de certa forma, nos formatou. Somos um povo inerte, triste, por muito que nos digam o contrário. Não somos capazes de pensar porque a escola não nos ensinou a pensar. Recebemos dos nossos pais os seus hebetismos, os quais haviam sido animicamente transmitidos pelos nossos avós. Os nossos filhos, a tal geração mais preparada de sempre, têm de sair do país e os que por cá ficam são céleres a imiscuir-se nessa onda apática. Anuímos, simplificadamente, às mais disparatadas decisões políticas que, inexoravelmente,  interferem na nossa vida e não conseguimos esboçar uma reação de protesto real porque vamos apressadamente a correr para uma qualquer rede social organizar um "meet".
E a pairar por lá, o mais inapto Presidente da República da nossa história democrática entretém-se no seu facebook, oferecendo-nos uma extraordinária prova de vida aparecendo, meticulosamente, ao vivo e a cores, nas três televisões que nos pastoreiam.
Somos um povo enfraquecido e vendido. Não temos já a noção do país e da pátria e do que é ser português. E também não sabemos o que é ser europeu. Sei que a culpa não é só deste Governo. Mas que é esta a sua "cultura", disso não tenho grandes dúvidas.

quinta-feira, setembro 11, 2014

a rescisão de paulo bento

Parece-me que, como aqui foi afirmado, rabular a incompetência da seleção na equipa médica foi uma ideia incompreensível. Como muito bem disse Henrique Jones, não seria necessário esperar pelo jogo com a Albânia para se concluir que o mal não residia nos médicos. Agora iniciar-se-ão dois processos, inexoráveis e paralelos: a beatificação de Bento (grande homem, grande caráter) e a vasca de nomes posteriormente lançados sem apelo nem agravo para a praça pública. Os compungentes comentadores ajudarão, natural e filauciosamente, à festa.

quarta-feira, setembro 10, 2014

o comissário moedas

Eu não consigo entrar na abnóxia mas facúndia discussão à volta do novel comissário Carlos Moedas. Como cidadão da União Europeia, estou-me perfeitamente nas tintas sobre se existe algum português na equipa de Jean-Claude Juncker. Provavelmente, há-os aos montes, em Bruxelas, desde motoristas a empregadas de limpeza. Carlos Moedas é só mais um que vai fazer qualquer coisita pela sua vida. Tal como outros antes dele fizeram, a começar, desde logo, pelo deslizante Barroso. Uns são de luxo, outros mais normalizados; outros ainda forçados. O que os une: trabalham fora de Portugal. Chamemos-lhes emigrantes, até por conveniência denominativa.
Adrede, por que raio se discute nas televisões o (excelente, diz o unanimismo) perfil de Carlos Moedas para a pasta da Investigação, Inovação e Ciência e não se perde um minuto com, por exemplo, Pierre Moscovici, ex-ministro das Finanças de Paris e futuro comissário económico europeu? Ou com o obliquamente extremado Jyrki Katainen, o finlandês que assumirá o cargo de vice-presidente para coordenar todos os principais temas ligados à economia, emprego, investimento e crescimento?

costa e seguro - tomo II

O segunda debate foi melhor do que o primeiro porque os adversários tiveram uma atitude politicamente mais assertiva. Penso, no entanto, que fazem ambos mal se teimarem no enfoque do politicamente diferente, designadamente quando se fala de programas. A diferença deve residir no combate que vem a seguir, isto é, nas legislativas, afirmando-se o PS como uma alternativa a este estado de degradação social que o Governo de Passos e Portas e Gaspar e Maria Luís teima em aprofundar.
Costa foi mais claro do que Seguro. Neste sentido, a questão das alianças com outros partidos, sejam elas de que teor forem, revelou-se pertinente. Fiquei lamentavelmente sem saber com o que contar se Seguro for primeiro-ministro. O homem não se alia com o PSD/CDS, nem com os partidos à esquerda do PS. Não se alia, portanto, com ninguém. E então se não tiver maioria absoluta, como parece que ninguém alcançará?

antónio seguro e antónio costa

Segui o debate dos dois socialistas. Não temi a tão afamada e prognosticada cisão interna pós-eleições. Vi um debate normal com dois políticos que aspiram um dia chegar a primeiro-ministro. Ao contrário do que muito boa gente afirma, os dois sinalagmáticos contendores não são assim tão díspares. Nem esperava, aliás, que o fossem. Afinal, são ambos socialistas ou, pelo menos, militantes destacados. Daí que seja muito difícil encontrar sublinhados antagonismos programáticos. E ainda bem. Há, a meu ver, um só aspeto que trairá Seguro: o seu afastamento, a sua crítica oposicionista e gladiada aos anos de Sócrates. Eu, que não sou militante socialista, prefiro de longe Sócrates a Passos Coelho. Bastar-me-ia uma simples razão: há, em José Sócrates, um cariz mais patriótico relativamente às obrigadas relações externas, situando-se estas dentro ou fora da União Europeia. Com Passos Coelho e companhia, Portugal deixou de ter voz e transformou-se num Zé Ninguém. Como diria provavelmente Eduardo Lourenço, Portugal deixou de ter pátria. E esta anulação é, obviamente, o pior que pode acontecer a países com a dimensão de Portugal. Deixar, assim, de contar para o asserto das nações.
Daí que tenha ficado hebeticamente perplexo quando vi António Costa fugir a sete pés do consulado governativo do anterior líder do partido. Seria, aliás, uma boa pergunta de Judite de Sousa: em qual dos candidatos votariam Seguro e Costa, numa hipotética eleição: Sócrates ou Passos? Poderiam, naturalmente, votar também em branco. Ou nem lá pôr os pés.

sexta-feira, setembro 05, 2014

o ministério dos diretores escolares

Vivem-se uns dias normalizados no reino da educação. Setembro iniciou-se e, com ele, os professores protestam, os encarregados de educação agonizam, os funcionários não docentes titubeiam, os computadores e respetivas luminárias que fazem e desfazem o haurido concurso de professores empancam... Tudo, portanto, muito parecido com o que se passou em setembro do precedente ano. E há dois anos a coisa foi também assim, mais ou menos.
Tudo isto desagua inexoravelmente num ciclotímico qualificativo: incompetência. Se, conseguintemente, a quisermos nominalizar (a incompetência), não é difícil: Nuno Crato. Não tenhamos dúvidas: a educação está pior hoje do que estava há três anos: menos professores, megagrupamentos, turmas mais numerosas, carga horária disciplinar mal concebida, irregularidades várias, indignidades profissionais (por exemplo, obrigarem os professores contratados a abandonar a escola depois da última reunião do ano), cortes nas áreas sociais, etc.
Com efeito, a absoluta e comprovadíssima incompetência de Nuno Crato é muito interessante e com muito potencial crítico. No entanto, não devemos tubular o nosso ponto de vista. Adrede, uma questão se impõe, inevitável e acrimoniosa, no meio de tudo isto: onde param os diretores das escolas? Amocham para, junto aos seus subordinados (professores, leia-se), andarem com palmadinhas nas costas e afirmarem que isto está cada vez pior, que a autonomia é uma treta, que o ministério não deixa fazer isto e aquilo, que exige mais isto, que não entende o que é uma escola...? Já alguém viu uma tomada de posição por parte da associação dos diretores? Afinal, gostam ou não gostam? Concordam ou não concordam? Será que ainda ninguém percebeu que a verdadeira mudança de rumo na educação só se pode dar com atitudes de rutura por parte de quem tem maiores responsabilidades administrativas? São ou não são, afinal, os diretores representantes diretos do ministério da educação nas escolas?

quinta-feira, setembro 04, 2014

o governo empancado

Para gáudio dos profetas das desgraças lusitanas, existem irrevogáveis citius do Governo que teimam em, sistematicamente, empancar. Dou dois exemplos recentes: os programas informáticos do ministério da educação e da justiça.
Na verdade, não se entende como é que é possível fazer, relativamente ao panorama concursal dos professores, pior de ano para ano. A culpa, obviamente, é sempre do sistema informático. De fora fica a incompetência.
Quanto à apelidada reforma judiciária, confesso que ainda não a entendi. Vejo simplesmente, na televisão, esbaforidos funcionários, de caixotes literalmente às costas, os quais presumo que contenham milhares de processos. De seguida, compreendo duas ou três coisas: encerram tribunais onde dizem que não há necessidade de existirem; os funcionários têm de se mudar para instalações provisórias para, dentro de um ano ou dois, voltarem a carguejar outros caixotes em direção aos mapas judiciários definitivos; não consigo vislumbrar, para além da extraordinária ministra, alguém satisfeito; e, finalmente, o inexorável empancamento do portal CITIUS.
Portugal é um país cansado. Se existe, de facto, um aspeto no qual o Governo atingiu os seus propósitos, diz precisamente respeito ao nível anímico dos portugueses. Este encontra-se, lamentavelmente, pelas ruas da amargura. Não fora isso e esta equipa de Passos Coelho já tinha ido pregar para outros citius.

coisas

vamos pela estrada e sentimo-nos bem. lá fora, o vento sopra, a neve cai, voam duas aves perdidas. eu sei que tenho de chegar a algum lugar...


neste momento...