quarta-feira, setembro 10, 2014

antónio seguro e antónio costa

Segui o debate dos dois socialistas. Não temi a tão afamada e prognosticada cisão interna pós-eleições. Vi um debate normal com dois políticos que aspiram um dia chegar a primeiro-ministro. Ao contrário do que muito boa gente afirma, os dois sinalagmáticos contendores não são assim tão díspares. Nem esperava, aliás, que o fossem. Afinal, são ambos socialistas ou, pelo menos, militantes destacados. Daí que seja muito difícil encontrar sublinhados antagonismos programáticos. E ainda bem. Há, a meu ver, um só aspeto que trairá Seguro: o seu afastamento, a sua crítica oposicionista e gladiada aos anos de Sócrates. Eu, que não sou militante socialista, prefiro de longe Sócrates a Passos Coelho. Bastar-me-ia uma simples razão: há, em José Sócrates, um cariz mais patriótico relativamente às obrigadas relações externas, situando-se estas dentro ou fora da União Europeia. Com Passos Coelho e companhia, Portugal deixou de ter voz e transformou-se num Zé Ninguém. Como diria provavelmente Eduardo Lourenço, Portugal deixou de ter pátria. E esta anulação é, obviamente, o pior que pode acontecer a países com a dimensão de Portugal. Deixar, assim, de contar para o asserto das nações.
Daí que tenha ficado hebeticamente perplexo quando vi António Costa fugir a sete pés do consulado governativo do anterior líder do partido. Seria, aliás, uma boa pergunta de Judite de Sousa: em qual dos candidatos votariam Seguro e Costa, numa hipotética eleição: Sócrates ou Passos? Poderiam, naturalmente, votar também em branco. Ou nem lá pôr os pés.

Sem comentários:

coisas

vamos pela estrada e sentimo-nos bem. lá fora, o vento sopra, a neve cai, voam duas aves perdidas. eu sei que tenho de chegar a algum lugar...


neste momento...