segunda-feira, julho 11, 2011

a mudança no ps

Certos políticos, senão mesmo todos, empurram-me para caminhos cada vez mais íngremes da desacreditação. São como aqueles treinadores de futebol que remetem quase sempre para o árbitro (muitas vezes, o melhor do jogo) a culpa do mau desempenho da sua equipa e que só mais tarde conseguem vislumbrar os erros passados. Francisco Assis (ou melhor, praticamente todos os políticos da nossa praça) está assim entre este tipo de espécime. Sabemos que a situação que vivemos – dramática a vários níveis – decorre, sobretudo, da falta de visão dos protagonistas políticos ao longo, sobretudo, das últimas duas décadas. A encimar o clã não posso deixar de colocar Cavaco Silva, o qual primava por uma obscura e patética teoria do melhor aluno da Europa e que ainda há poucos meses, no fulgor da campanha eleitoral, lembrava. Decorriam então os anos oitenta, com fluxos extraordinários de euros convertidos em escudos a desaguarem diretamente para os bolsos de muito poucos, sem qualquer enquadramento de desenvolvimento hegemónico. Foi, como sabemos, o período do betão e do aparecimento de algumas personagens que agora são muito mal vistas pelo povo e também pela justiça. Depois de Cavaco, os pretendentes ao trono lá foram apontando os erros que pareciam não existir até à derrocada. Salto Guterres, que também saltou para fora do pântano, mas que também não teve engenho nem arte para sacudir o país dos vícios e maleitas adquiridas durante demasiado tempo.
Agora, depois de um marcante executivo socialista liderado pelo ausente Sócrates (dá sempre um jeitão – e fica bem – um cursito de filosofia no estrangeiro nestas alturas...), Francisco Assis, que foi tão-somente líder da bancada socialista no Parlamento, remete o partido para uma atónita autocrítica, ao afirmar que "o PS nem sempre soube fazer a pedagogia da crise" (seja lá o que isso signifique) e que era evidente há mais de um ano (!) que um "governo assente numa maioria relativa não tinha consistência". Adianta ainda, entusiasmado, que o primeiro-ministro "devia ter forçado um entendimento parlamentar há mais de um ano".
Acontece que a lembrança que eu tenho de Francisco Assis de há um ano para cá é a de um acérrimo defensor de toda a "pedagogia" política do PS de Sócrates. Nunca o ex-líder da bancada socialista se levantou contra medidas políticas conjunturais do governo. A culpa não é, decerto, só dele. Os partidos políticos estão assim estruturados, isto é, deixam de o ser quando se encontram na suserania governativa. Tudo porque os partidos são fracos porque são fracos quem os lidera. "O fraco rei faz fraca a forte gente", como escreveu Camões. A minha única dúvida é se existe forte gente.

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vamos pela estrada e sentimo-nos bem. lá fora, o vento sopra, a neve cai, voam duas aves perdidas. eu sei que tenho de chegar a algum lugar...


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