sábado, abril 12, 2008

as maternidades e o tgv

A secretária de Estado dos Transportes já afirmou que o TGV Lisboa-Madrid é um investimento que nunca será recuperado, isto é, a sua exploração dificilmente será rentável. Tenho para mim que, no que concerne ao Estado, existem parâmetros estruturais que não devem ter o lucro como objectivo primeiro. A saúde, por exemplo, é uma delas. Porém, todos sabemos que um dos motivos que levou ao encerramento de urgências e de maternidades foi, no caso destas últimas, o facto de não preconizar um número mínimo de partos por ano. Foi assim em Chaves, por exemplo. Como sabemos, nasceram, no Hospital de Chaves, no ano de 2006, 455 crianças, que é um número que não se adequa à margem de lucro que proporciona, segundo a óptica do Governo, a continuação física de uma maternidade. Outros exemplos poderiam ser aqui avocados, desde o encerramento de urgências até – pasme-se! – o encerramento de linhas de caminho-de-ferro que se revelaram não-lucrativas para o governo central.
Ora, com esta orientação governamental – que privilegia os empreendimentos sumptuosos como o TGV, pontes e aeroportos à volta da capital do país que, por acaso, é a região da União Europeia com mais auto-estradas – ficámos a saber, incrédulos, que para este governo socialista é mais importante um TGV que dê prejuízo do que uma maternidade que origine menor prejuízo, o que não confere, digamos, uma sintomatologia aprazível para um governo de esquerda. Só se for isto a tão proclamada esquerda moderna com que José Sócrates ganhou as eleições.

(publicado nos jornais Público, em 15/04/2008, e A Voz de Trás-os-Montes, em 17-04-08)

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vamos pela estrada e sentimo-nos bem. lá fora, o vento sopra, a neve cai, voam duas aves perdidas. eu sei que tenho de chegar a algum lugar...


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