Paula Espírito Santo, professora do Instituto Superior de Ciências Sociais e Políticas, elaborou um estudo que chega a uma conclusão nada admirável: os discursos de tomada de posse dos presidentes da república, ao longo destes 34 anos de democracia, têm-se pautado por um mimetismo lancinante. Com efeito, desde Eanes até Cavaco, a ética discursiva presidencial gira em volta de preocupações de conciliação, coesão nacional (e a importância do cargo de Presidente da República para atingir, cabalmente, essa mesma coesão), política externa (a imagem de Portugal no mundo), aproximação entre os eleitores e os eleitos, resignação e pessimismo e, invariavelmente, a economia. Conclui, portanto, a investigadora: "não existem traços distintivos marcantes entre os diversos discursos de tomada de posse".
Ouvindo a recente reacção de José Sócrates ao discurso de Cavaco no Parlamento, no dia 25 de Abril, poderíamos, por empréstimo, chegar à mesma conclusão, isto é, nada tem mudado, principalmente quando estamos perante um refinamente da chamada hipocrisia política. Transcrevo as palavras de Sócrates: "Só posso concordar com o presidente e manifestar a vontade de fazer tudo o que estiver ao nosso alcance para chamar a atenção dos jovens para a política". Basta ler os jornais do ano passado do dia 26 de Abril.
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