segunda-feira, março 31, 2008
ainda as desigualdades
É evidente que sim, que tem os mesmos direitos. Infelizmente, não é isso que se passa.
Com efeito, perdeu-se, paradoxalmente, com o ímpeto regenerador que a democracia implementou em Portugal, uma oportunidade única de desenvolver (um dos três "d's" de Abril...), homogeneamente, o País. Na verdade, o que deveria ter sido a principal conduta política em democracia - até porque, lutando contra uma centralização, o regime democrático não fazia mais do que lutar ainda contra uma teorização nefasta dum Portugal ruralmente amarfanhado -, tornou-se, rapidamente, num esquecimento paulatino e decadente de todo o Portugal não litoralizado.
Recito, neste contexto, as palavras de José Sócrates em Viseu: "um país para todos, já que as boas sociedades são as que não permitem desigualdades gritantes". É bom ouvir alguém - ainda para mais quando é primeiro-ministro - falar assim. As palavras ficam sempre bem, assim, emolduradas...
domingo, março 30, 2008
as palavras e os actos de Sócrates
Não sei muito bem o que o nosso primeiro-ministro entende por desigualdade, reforçado, ainda por cima, com o adjectivo gritante. Se tivermos em conta a política de efectiva centralização deste governo, notamos que as desigualdades sociais, geográficas, económicas e profissionais têm vindo a crescer. Basta só olhar para a política de saúde e das muitas manifestações que se vêm realizando, nos mais diversos espaços socioprofissionais. A última conseguiu juntar, em Lisboa - a cidade de todas as manifestações, sinal de centralismo, ou melhor, de desigualdade - cerca de 3000 reformados, em protesto contra a política social do governo.
as virgens ofendidas
No entanto, a atitude demonstrada pelo Presidente da Assembleia da República não é nada de extraordinária. Na verdade, os políticos, em Portugal, já nos habituaram a mudanças de opinião, as quais são, muitas vezes, autênticas acrobacias de retórica. Assim, 0 que Jaime Gama fez não foi mais do que outros já fizeram e/ou continuam a fazer. Numa palavra: descredibilização. Acrescente-se: política.
(publicado no jornal Público em 3/Abril/2008)
sábado, março 29, 2008
confusão ideológica

Na verdade, a maioria PS balança entre uma direita escarpada, com tiques de autoritarismo que muitos dos seus ministros já demonstraram (Lurdes Rodrigues e Santos Silva, por exemplo), e uma esquerda mais à esquerda que o Bloco de Esquerda, como se viu, recentemente, com a introdução do aborto no quadro político e social e, agora, com a supressão da figura do divórcio litigioso, ao mesmo tempo que pretende reduzir para um ano "ou até menos" o período de separação de facto para um divórcio ser decretado, gerando, deste modo, uma contenda com a igreja católica, à semelhança, aliás, com o que já aconteceu com o Partido Socialista Espanhol.
É o que se chama agradar a gregos e a troianos.
sexta-feira, março 28, 2008
a escola é um lugar porreiro
Observação: aborrecem-me aquelas pessoas que falam na família como a causa primeira do mau comportamento dos alunos. Ouvi, a respeito da aluna da secundária Carolina Michaelis, completas aberrações pretensamente analíticas, as quais apontam, invariavelmente, a família como um exclusivo tentáculo educacional. Esquecem-se que uma turma escolar sobrepõe-se, muitas vezes, a qualquer outra vertente afectiva.
quinta-feira, março 27, 2008
a subida e descida do IVA e o PSD
professora apresenta queixa
Este procedimento é, aliás, sintomático daquilo que é o deserto, o isolamento que os professores hoje em dia percorrem.
Torna-se, portanto, evidente que as escolas não têm capacidade para resolver problemas de indisciplina que todos os dias acontecem dentro das salas de aulas.
o inquérito aos alunos do 9 C
No entanto, estes dois agentes da acção tiveram papéis diferenciados neste episódio. De certo modo, o rapaz que filmou prestou um bom serviço à educação, pois contribuiu para apaziguar certos olhares que a classe docente estava sendo vítima (afinal, ser professor, não é tão linear como parece...). Por outro lado, a maioria dos restantes elementos da turma foram igualmente coniventes com a situação criada. Assim, o operador de camera (de telemóvel) só fez mais uma coisa que os outros não tiveram coragem de fazer. Ou então por que não tinham à mão um telemóvel.
gestão pública dos hospitais e descida do iva: as lutas inglórias do pcp
Dois exemplos recentes que se podem invocar, a este respeito, partem de duas decisões do governo: a gestão pública dos hospitais e a descida do IVA para 20 %. Na verdade, estas duas aclamadíssimas decisões do governo tinham sido já propostas pelo grupo parlamentar do Partido Comunista. Na altura foram liminarmente rejeitadas pelos deputados socialistas; agora foram apresentadas apologeticamente como se de um achamento se tratasse.
Deste modo, torna-se evidente que um dos maiores trunfos desta maioria tem sido o de saber jogar com a dimensão mediática da política. Nem que, para isso, seja preciso proceder a uma estratégica obliteração de propostas que, mais tarde, possam vir a ser úteis.
Esta é, a meu ver, uma das razões da perniciosidade de (certas) maiorias absolutas.
quarta-feira, março 26, 2008
luís filipe menezes e a violência nas escolas
Ele tem razão, pois a culpa só pode ser do governo. Todavia, Menezes não conseguiu ir mais além do que a demagogia permite. Por isso, para ele, a culpa mora exclusivamente no governo de Sócrates, esquecendo-se que a pasta da educação foi ocupada maioritariamente por gente do seu partido. Na verdade, desde 1976, a educação foi regida durante 20 anos pelo PSD e durante 10 pelo PS.
terça-feira, março 25, 2008
a violência escolar e valter lemos
Ouvindo Valter Lemos, ficamos com a certeza que o seu lugar foi ocupado não pelo chamado mérito que este governo tanto apregoa, mas por uma outra coisa qualquer que, a partir de certos patamares lugubremente trabalhados, se torna impossível combater.
o ps de sócrates
Estas palavras do secretário-geral do Partido Socialista devem ser consideradas se tivermos em conta uma visão diacrónica do partido. Por outro lado, a pluralidade opinativa, as chamadas tendências, fazem parte do código genético de qualquer partido. Mesmo no PCP existem tendências e Jerónimo de Sousa bem pode também vir para as televisões afirmar, tonitruante, que os comunistas respeitam - tendo mesmo em especial apreço - os pontos de vista divergentes da direcção do partido.
Um partido político sem contraditório é, pois, um partido esgotado e com necessidade de uma regeneração. Esta deve ser enquadrada tendo em conta um processo interno de desmistificação daquilo que está, de certo modo, mistificado. E o PS - este PS - vive, nos tempos que correm, nesta espécie de limbo narcisista (mistificador). Tem um líder que é primeiro-ministro de um governo maioritário, o primeiro na história do partido.
Nesta contextura, deveria o PS marcar a diferença em relação ao seu antecessor no governo (o PSD). Mas não. Com efeito, o partido socialista decalca o mesmo caminho do PSD de Cavaco: deixa de existir. Exemplo disso é o olhar que podemos lançar para o confrangedor grupo parlamentar (aí, onde o partido verdadeiramente existe, ou deveria existir...) e depressa notamos que o grupo de deputados que compõem a maioria parlamentar não são mais do que meros títeres do governo.
Por isso, as palavras de José Sócrates na FAUL são meras palavras vazias de sentido.
segunda-feira, março 24, 2008
o fisco e os noivos
Parece que um Secretário de Estado das Finanças já admitiu que pode ter havido excesso de zelo nalgumas questões. Fica-lhe bem. No entanto, mantém-se a desvirtude desta proposta que é a de originar um clima de bufaria geral.
É evidente que ninguém está contra a obrigatoriedade de apresentação, por parte das entidades que fornecem serviços, dos recibos que justificam os diversos enquadramentos contratuais. O que está aqui em causa extravasa em muito meras formalidades tributárias e fiscais. Na verdade, ninguém tem que saber quem ofereceu o vestido, nem quanto custou, nem ninguém deve ser obrigado a atitudes persecutórias.
Mesmo que, como decerto alguém do governo justificará, isso se passe lá para os lados das Noruegas...
sábado, março 22, 2008
as áreas curriculares não disciplinares e o caso do telemóvel
O que aconteceu naquela sala de aulas deve, antes de mais, fazer pensar os extraordinários mentores que as chamadas Ciências da Educação têm vindo a produzir, ao longo destes anos, e que originaram as obtusidades pedagógicas que são estas disciplinas, as quais - há que dizê-lo com toda a clareza - roubam tempo lectivo a disciplinas com muito maior relevância social, cognitiva, cultural e psicológica.
sexta-feira, março 21, 2008
obsessão legisladora

ainda o telemóvel da aluna
Com efeito, a causa educativa tem que começar a ser encarada desta maneira, isto é, colocando questões que só aparentemente são demagógicas. Aparentemente, repito, pois o quotidiano escolar - aquele que realmente interessa, ou seja, o interior duma sala de aula - é, infelizmente, cada vez mais igual ao que se passou no antigo liceu Carolina Michaëlis.
quinta-feira, março 20, 2008
a professora, a aluna e o telemóvel (2)
a censura social do presidente do conselho de escolas
Não sei o que Álvaro Almeida entende por censura social, mas o que eu vi, na televisão, foi um número de entretenimento que a maior parte dos alunos de uma turma de 9º ano realizou (o verbo "realizar" tem, aqui, um fundamento cinematográfico).
a professora, a aluna e o telemóvel (1)
Fica assim objectivamente explicada a questiúncula que teve honras de abertura de um jornal televisivo entre um telemóvel, uma aluna de 9º ano e uma professora de francês.
aznar e o iraque
fim da gestão privada nos hospitais
taxas moderadoras
Ora questionado, à saída do debate quinzenal, sobre a razão por que não extinguia os 50% restantes, José Sócrates foi igual a si próprio na resposta: não queria dar um sinal de habitualidade excessiva, isto é, os idosos devem deslocar-se às urgências somente em casos urgentes.
É bom termos alguém a zelar, assim, por nós. Os nossos idosos pensionistas podem, portanto, dormir mais descansados.
terça-feira, março 18, 2008
proença de carvalho pede maioria absoluta para o ps
O último foi Daniel Proença de Carvalho que afirmou, categórico, que Sócrates e o Partido Socialista merecem uma nova maioria absoluta. Adianta também que "neste momento eu penso que o PSD não tem uma estratégia, nem um programa alternativo, nem a credibilidade que dê aos seus eleitores uma esperança de chegar ao poder”. E diz muito bem o ilustre advogado: "neste momento".
O que verdadeiramente impressiona, nestas camuflagens ideológicas, é a incapacidade destas pessoas lutarem por uma alternativa credível no seio da sua área ideológico-partidária (alternativa no sentido de combate de ideias, e não impreterivelmente um assalto à liderança). Até porque estas tomadas de posição voltam-se contra eles próprios, isto é, reforça o poder de Menezes dentro deste PSD acabrunhante, com o tão proclamado apoio das bases.
Por outro lado, estas emigrações enfraquecem igualmente o PS, pois paulatinamente este partido aproxima-se duma área que nem é carne nem é peixe e que, por isso mesmo, se comuta em carne e peixe. E este cenário, para o Partido Socialista (o tal partido de Mário Soares e de Salgado Zenha que Santos Silva, no outro dia, nervoso, aclamava), torna-se ainda mais nefasto do que para o PSD, pois a sua vertente ideológica é muito mais pronunciada.
Esperemos, pois, que tudo se clarifique, em nome duma continuação saudável das diferenças.
(publicado no jornal Público no dia 21/03/2008).
segunda-feira, março 17, 2008
um título emprestado
o editorial de henrique monteiro
Acontece que, como é habitual nestes comentadores, de educação falam pouco ou mesmo nada. Na verdade, Henrique Monteiro não fez mais do que cotejar os cansados números de investimento de cada país em relação ao respectivo PIB. No entanto, ainda conseguiu ter um acesso de bom senso quando indiciou que, dos países citados, só a República Checa, a Eslováquia e a Grécia podem ser comparáveis a Portugal, devido à semelhança dos seus PIB's.
Continuam, pois, com números. Vivemos uma verdadeira obsessão numérica.
Educação não é isto (eventualmente, até se poderia fazer melhor com menos dinheiro).
No entanto, já que Henrique Monteiro tem também esta queda para números, seria bom que iniciasse uma aritmética comparativa de quanto é que cada um destes países desembolsou, percentualmente, tendo em conta o seu PIB, não durante estes últimos dois ou três anos, mas durante todo o século XX. É assim que estas contas devem ser feitas, pois quando se fala em educação, a perspectiva nunca pode ser sincrónica. De qualquer maneira, convém sempre sublinhar: devemos olhar muito mais para a pedagogia e a didáctica e muito menos para processos administrativos, numéricos e burocráticos. É isto que esta gente não entende.
domingo, março 16, 2008
5 anos de iraque
miguel sousa tavares no expresso
O jornalista escolhe um ou dois odiozitos de estimação, emprega uns adjectivozitos com alguma empatia popular, elege panegiricamente outros tantos e lá vai ele discorrendo, ao sabor das suas entranhas neurasténicas cada vez mais prenunciadas.
Acontece que este quadro mental está esticado quase ao máximo, como se viu esta semana ao defender a atitude do ministro Santos Silva em Chaves.
Entretanto, gostava que alguém me respondesse: qual o problema das pessoas se manifestarem à porta dos partidos políticos? (pode ser que M. S. T. me responda).
escolas não aceitam alunos
sexta-feira, março 14, 2008
há festa no sábado
O que eu acho efectivamente mau, no meio de tudo isto, é o copy paste que aqueles que gravitam em redor do líder fazem das suas declarações. Coube desta vez a Renato Sampaio, presidente da distrital do PS/Porto, as seguintes declarações: "uma manifestação convocada anonimamente com o objectivo de condicionar os socialistas é mais uma demonstração de práticas antidemocráticas".
Não é nada, sr. Renato Sampaio. As pessoas, em democracia, podem-se fazer ouvir onde quer que seja, salvaguardadas, obviamente, algumas excepções. Seja à porta dos partidos (não vejo, aliás, melhor lugar para expressar tendências sociopolíticas), seja como contraponto a manifestações do tipo que o PS preconiza para amanhã.
(Isto de maiorias absolutas dá nisto: um Partido Socialista com este argumentário não é bem um partido socialista...).
quinta-feira, março 13, 2008
vitalino canas
o psd profundo
Ora foi este elitismo acaçapado que fez com que Luís Filipe Menezes ganhasse as tão proclamadas bases e que o ampliou a do partido. Rui Rio e António Capucho (entre outros) não devem "andar por aí" numa tentativa de massacre continuado e muitas vezes desproporcionado ao líder. Como muito bem salientou Mota Amaral, "Menezes tem legitimidade para promover mudanças dentro do PSD", e que os militantes devem "ser saudavelmente conflituais sem ultrapassar os limites", adiantando ainda que há órgãos próprios para dirimir panoramas de conflituosidade.
Eu entendo que não deve ser fácil espreitar para dentro do PSD nos dias que correm, ainda para mais quando, na política doméstica, tudo se torna possível, como se viu na inusitada promoção de Santana Lopes a primeiro-ministro de Portugal. Mas também é verdade que as chamadas bases dum partido tão popular (agora muitas vezes populista), não gostam de pessoas que agem de forma desinstitucionalizada, com o triste e simples intuito de deseleger quem foi democraticamente eleito.
as visitas de estudo e o paradigma virtual da inclusão
- transporte: 6 euros;
- Museu dos Carros Eléctricos: 1.50 euros;
- Museu da Comunicação: 3 euros;
- total: 10.50 euros.
Deste modo, importa questionar: onde se visiona aqui a escola inclusa? Será que as pessoas que organizam estas viagens/visitas de estudo - com estes parâmetros - não saberão que a exclusão se inicia logo no momento em que os professores distribuem os papéis para os encarregados de educação assinarem?
(uma nota: há visitas de estudo de 9º ano, em escolas públicas, que preconizam viagens a Londres, "exigindo" aos alunos 80 euros.)
quarta-feira, março 12, 2008
adiamento da avaliação
o regresso do diálogo
De qualquer maneira, temos agora a ministra da saúde e a repescada ministra da educação em clima dialogante. Afinal, é sinal que a tão proclamada "rua" ainda faz sentido neste Portugal aparentemente normalizado e longe já dos anos turbulentos da pós revolução, em que se ganhava (ou perdia) através do número de pessoas que cada partido conseguia ajuntar nos comícios.
Assim, em Anadia, as urgências vão reabrir. "Estarei sempre disponível para esse diálogo ["com as autarquias, com as comunidades, com as pessoas"], em nome da necessidade de explicar medidas e encontrar alternativas", reflectiu, no Parlamento, Ana Jorge. Pois bem, é realmente através do diálogo que tudo se resolve. Foi assim desde sempre. Só é pena descobrirem tudo, às vezes, um pouco tarde.
terça-feira, março 11, 2008
o psd
Menezes tem aqui uma oportunidade de se afirmar, finalmente. Seria isso que esperava?
artigo de emidio rangel no correio da manha
E vale a pena não por que Emídio Rangel diga alguma coisa de jeito (exercício de paciência), mas antes por que o artigo serve de paradigma a respeito do debate que se desenvolve na nossa sociedade a respeito desta reivindicação sectorial.
O que o ex-director da TSF faz não é mais do que um exercício de controlo de emoções. Na verdade, não se vislumbra um único ponto em que a racionalidade argumentativa prevaleça mediante o insulto fácil e brejeiro. É com este sentido aclarado que considera os professores de "travestidos de operários da Lisnave" e Maria de Lurdes Rodrigues como uma "ministra sábia, tranquila, dialogante, que fala com uma clareza tal que só os inúmeros boatos, a manipulação e a leitura distorcida do que propõe podem beliscar o que de boa-fé pretende para Portugal."
E por aí adiante. Uma verdadeira peça de jornalismo num estilo porventura um tanto dementado, mas que é, ainda, capaz de alguns esgares humorísticos (ou será que não era para rir?!...).
monarquia ou república
domingo, março 09, 2008
a avaliação dos professores
Conseguintemente, o facto de se afirmar a ausência duma avaliação, faz com que se esqueça os pontos sobre os quais incide o processo (actual) da avaliação dos professores. São eles os seguintes, divididos pela componente lectiva e pela componente não lectiva:
- Realização de trabalho a nível individual;
- Prestação de trabalho a nível do estabelecimento de ensino;
- Cargos Desempenhados;
- Desenvolvimento do processo ensino-aprendizagem (englobando também as áreas curriculares não disciplinares e o processo de acompanhamento dos alunos);
- Participação em actividades desenvolvidas no âmbito da comunidade educativa;
- Formação acrescida;
- Assiduidade.
Ora não é difícil perceber que todos estes parâmetros chegavam para edificar, concludente e satisfatoriamente, um processo de avaliação dos professores equilibrado e justo. Bastaria que houvesse simplesmente boa vontade (menos teimosia e disparates pseudopedagógicos) e objectividade por parte dos órgãos executivos das escolas.
os argumentos da ministra
sábado, março 08, 2008
o "day after" da manifestação de professores (e o psd)
Pacheco Pereira também deixa na atmosfera política a seguinte interpelação: haverá PSD para ombrear em 2009 com José Sócrates e o governo PS?
Eu posso arriscar uma resposta: a continuar assim, o PSD pode desaparecer do mapa político (iniciou uma vacuidade total com Santana Lopes) o que, diga-se desde já, não é também drama algum (naturalmente, haverá sempre sentimentalismos oportunos...). Os partidos nascem e morrem. No Portugal republicano (só para ficar por aqui) já nasceram e morreram vários partidos. É isto que acontece quando não se adaptam a uma sociedade em mudança (o que não é o caso do PSD), ou quando se inicia um processo de implosão no seu interior (o que, manifestamente, é já paradigmático nestepartido).
augusto santos silva e as declarações em chaves
Outra ilação interessante a tirar das declarações (extraordinárias) de Santos Silvas foi a de motivar Luís Filipe Menezes ao ponto de afirmar que aquele não tem "credibilidade nenhuma". Onde nós chegámos!
tudo errado

O título do artigo elucida: "A reboque do PCP". Poderia ser escrito por Augusto Santos Silva, mas Fernando Madrinha poupou-lhe o trabalho. Insinuar que o PCP está por detrás deste tipo de manifestações é um completo disparate, ainda para mais quando FM ajuiza que as escolas "são talvez o mais firme reduto das esquerdas" (!). Na verdade, afirmações como a que FM esboça no seu artigo de que "professores ou não professores, comunistas ou não comunistas, os manifestantes desta tarde vêm protestar contra o Governo e já não contra este decreto do Ministério da Educação", são reveladoreas do posicionamento faccioso do autor.
Os professores que se manifestaram nesta tarde fizeram-no contra a política do Ministério da Educação e não contra a política do Governo em geral. Os macro protestos devem ficar a cargo dos partidos políticos. E hoje, apesar do posicionamento empático da oposição, quem esteve na rua foram somente professores. Por muito que FM não queira ver ou que lhe custe notar.
sexta-feira, março 07, 2008
menezes e o portugal paralisado
É uma grande complicação!
maria de lurdes rodrigues
A primeira diz respeito à própria essência da política. Por isso, é óbvio que a manifestação está partidarizada. E ainda bem! Os partidos existem para representar a sociedade civil. Se eu fosse líder de algum partido da oposição e não concordasse com a política deste ministério, a minha obrigação seria precisamente partidarizar (também) esta questão, a qual é, aliás, transversal à sociedade.
A segunda razão tem a ver com o conhecimento que a ministra revela da classe docente. É que se existe classe profissional em que existe efectivamente uma apartidarização (ou mesmo uma perspectiva apolítica do modo de encarar a "coisa pública") é precisamente a dos professores.
Mas, pelos vistos, vislumbra-se, a este nível, uma mudança positiva. E tudo por vontade (mas aqui inconsciente) da Maria de Lurdes Rodrigues.
ana gomes




quinta-feira, março 06, 2008
psd não merece ainda estar no governo
Foi um consciencioso ataque de lucidez por parte do líder do PSD.
quarta-feira, março 05, 2008
há sempre um ludgero leote
Será que vamos ter, no seio desta comissão que ainda não sabemos muito bem o que vai ser, uma espécie de terrorista ideológico?
terça-feira, março 04, 2008
vital moreira e Correia de Campos
"Veterano de quatro Prós e Contras [comunicação, a quanto obrigas!...] não consigo evitar a comparação entre os defensores da anti-reforma, na Educação e na Saúde. São várias as diferenças: os participantes na Educação foram no geral bastante mais agressivos, menos racionais, mais demagógicos, mais organizados fisicamente, mas bastante menos argutos que aqueles que habitualmente defrontávamos. Fáceis de liquefazer, mesmo no “número” das sentenças, quando a ministra desfez com uma só frase a credibilidade do simultaneamente arauto e actor. Dei por mim a tentar perceber o porquê das diferenças. Só encontro uma explicação. A oposição às reformas educativas é “sindicalismo em estado puro”, com pretensa “superioridade moral”. Mas o que parece uma força é, na verdade, uma fraqueza. Trata-se de uma impossibilidade material: como é possível estar contra as aulas de substituição ou mascarar essa oposição inicial com a posterior reivindicação de as tolerar desde que pagas em horas extraordinárias? Como é possível ser contra a avaliação, ou apenas contra a sua complexidade, ignorando o rigor e a qualidade que devem ser colocados em cada julgamento? Como é possível ser contra a hierarquia docente, assente em critérios objectivos, com o argumento de que a selecção não foi perfeita, terá deixado alguns de fora, ou deva ainda ser corrigida? Porventura ficou fechada a porta do aperfeiçoamento das soluções? Como é possível ser contra a direcção unipessoal das escolas, com base em planos, programas e órgãos consultivos de representação comunitária, com o vetusto argumento da alegada “gestão democrática das escolas”? Em que século vivem os opositores das reformas na Educação? Terão eles pensado no dia seguinte? Falhado que sempre será o seu objectivo de levar a ministra à demissão, cumprido o calendário das manifestações com ou sem SMS convocatório, enrolados os cartazes plastificados que viajam de norte a sul, que mais lhes restará? Não pensaram na erosão das respectivas posições negociais, no respeito pelos cidadãos que a todos nos sustentam, no triste exemplo educativo para os jovens? Não, não foi tempo perdido. Por mim, que só de longe acompanhei estes meses de discórdia, bem como para milhares de portugueses, foi útil observar este novo conservadorismo de pequenos interesses e evanescentes micro-poderes. Há muitos professores desmoralizados? Não sei. Mas haverá sempre muitos mais, velhos e novos, dispostos a aceitar a diversidade, a aprender para melhor levar a aprender, prontos para a aventura da mudança a favor do progresso. Há certamente muitos mais professores Arsélios do que se possa pensar".
Gostei do conjunto emocionado das interrogações retóricas. Ao lê-las, a minha vontade verdadeira foi pegar no telefone, telefonar a Correia de Campos e pedir-lhe perdão - em meu nome e quiçá em nome de todos os portugueses -, por ter sido alvo de campanhas tão miseráveis por pessoas que, apesar de tudo, não foram assim tão "fáceis de liquefazer".
Não sei, sinceramente, o que povoa a cabeça de Vital Moreira. Bom senso e racionalidade interpretativa não são, de certeza.
antónio vitorino e a demissão da ministra
segunda-feira, março 03, 2008
desajustamentos curriculares
Cabe na cabeça de alguém que alunos deste nível de ensino operem, numa sala de aulas, durante 4 horas por semana, em disciplinas tão "diferenciadas" (atenção às aspas) como Ensino Acompanhado, Formação Cívica e Área de Projecto? Não haveria outra forma - por exemplo, a inserção de uma segunda língua estrangeira, reforço da língua materna, etc. - de desenhar o currículo deste nível de ensino? E o meio bloco (45 minutos) à disciplina de Educação Física? É lógico? Qual o interesse, ou melhor, que interesses é que satisfazem?... E as turmas de 27 e 28 alunos neste nível? São exequíveis?
Não. Não e não!
afinal, não vem à televisão
ministra outra vez na televisão
vital moreira e os (seus) cálculos da reforma educativa
"Há quem tenha a ilusão de que uns milhares de professores na rua arrastam a demissão da ministra da educação. Não se dão conta de duas coisas elementares: (i) Maria de Lurdes Rodrigues já deu sobejas provas de que não se deixa impressionar pela contestação; (ii) Sócrates nunca poderia ceder aos protestos de uma classe profissional, ainda por cima sem apoios na população em geral.De resto, para além de justa em si mesma, a reforma da educação rende mais votos do que os que faz perder..."
O título do post não podia ser mais adequado e ilusoriamente realista: Ilusões.
domingo, março 02, 2008
discurso do discurso
Daí que se verifique, em muitos jornalistas, autênticas doses de contorcionismo interpretativo no sentido de clarificar a mensagem do Presidente da República. Foi o que se passou hoje com o editorial do DN com o infeliz título O discurso-oráculo de Cavaco Silva.
sábado, março 01, 2008
os aliados de lurdes rodrigues

Ora quando a defesa das suas teses adquire tons de alguma intolerância argumentativa, como a que podemos observar na coluna que Fernando Madrinha tem no Expresso, a discussão deixa de ser possível, pois os argumentos invocados não são mais do que expressões de estados de alma e estes, como obviamente se apreende, pouco valem no que concerne a uma discussão com conhecimento de causa. Basta olharmos para o que Fernando Madrinha diz de Maria de Lurdes Rodrigues:
- "Explica-as [as políticas] com desarmante serenidade no meio da gritaria à sua volta, como se viu no Prós e Contras".
- "Perante todos, a ministra respondeu com a segurança de quem age segundo a sua consciência e convicta da correcção das decisões que toma."
- "O país não pode dar-se ao luxo de eliminar todos os que têm a coragem de tentar mudar o que está mal."
- "o conjunto de iniciativas que tomou (...) são uma revolução no modo de encarar o trabalho na escola."
- "ela rompeu com uma paz podre"
- "[pessoas como] Ana Benavente ainda se permitam a desfaçatez de vir a público criticar a ministra."
A pergunta é óbvia: o que é que Fernando Madrinha acrescenta, com estes pontos de vista (legítimos, naturalmente) à discussão? Nada. Absolutamente nada.
maioria absoluta?!...
Na verdade, as duas únicas experiências de maioria monopartidária não foram, dum ponto de vista de uma salutar convivência democrática, aconselháveis. Com efeito, tanto José Sócrates como (principalmente) Cavaco Silva nunca foram capazes de olhar para o parlamento como um ponto de discussão onde tudo poderia ser motivo de redefinição estratégica (o âmbito das políticas europeias é, talvez, uma excepção que não faz mais do que confirmar a regra). Por isso, dentro do regime semipresidencialista que nos rege, em que o papel do Presidente da República potencia, de certo modo, determinados comportamentos obstativos ao funcionamento da própria democracia (pelo menos quando nos aparece um presidente que diz, projectando um sinal de "virtude", que não quer ser uma força de bloqueio para o governo, seja lá o que isso, numa óptica democrática, possa significar...), o monopartidarismo maioritário não nos convém. A não ser... A não ser que surja efectivamente um "força de bloqueio" o que, diga-se de passagem, é um cenário que actualmente não se revela propenso a acontecer, pois para se ser "força de bloqueio" num governo de maioria absoluta, tem que se ver, antes de tudo, a política verdadeiramente despida de constrangimentos hipócritas, do tipo o governo governa, o presidente pouco faz, isto é, anda (também) por aí, atento aos chamados dossiês políticos que supostamente possam ser considerados socialmente divisores.
O que se pede a um Presidente da República é, antes de tudo, que seja capaz de ler os sinais que a sociedade diariamente lhe transmite. Neste sentido, Jorge Sampaio foi desastroso com a anuência dada ao exraordinário governo de Santana Lopes. Cavaco Silva, infelizmente, não tem cultura política suficientemente cimentada para se constituir como uma verdadeira força de bloqueio. Para bem da Nação, pensarão muitos.
avaliação de desempenho - dimensão ética
Tudo começou quando Francisco Louçã, no Parlamento, exigiu explicações a José Sócrates sobre critérios tão estranhos como "verbaliza a sua insatisfação/satisfação face às mudanças ocorridas no Sistema Educativo/na Escola através das críticas destrutivas potenciadoras de instabilidade no seio dos seus pares?” A ministra da educação salientou posteriormente que este tipo de item foi rejeitado pelo conselho

Na verdade, este ministério iniciou uma espiral de contestação que naturalmente vai ter consequências. Basta ouvir com atenção o Presidente da República e facilmente se verifica que o seu apoio a Maria de Lurdes Rodrigues está já no mesmo patamar com o que foi dado a Correia de Campos. E este já por cá não anda, ou melhor, anda por aí, que é a melhor maneira dele andar por cá.
coisas


neste momento...












