Sócrates sublinhou, na tomada de posse das comissões políticas concelhias da Federação da Área Urbana de Lisboa do PS (FAUL), que o partido está unido e aberto ao exterior e que está "em permanente diálogo com as forças de progresso do país", assim como, mais uma vez, teve que recordar que, no PS, as divergências são respeitadas, pois são fruto de um partido naturalmente plural:"nunca [o PS] teve delitos de opinião, nem nunca marginalizou ninguém só por ter posições diferentes (...) aqui no PS há liberdade interna".
Estas palavras do secretário-geral do Partido Socialista devem ser consideradas se tivermos em conta uma visão diacrónica do partido. Por outro lado, a pluralidade opinativa, as chamadas tendências, fazem parte do código genético de qualquer partido. Mesmo no PCP existem tendências e Jerónimo de Sousa bem pode também vir para as televisões afirmar, tonitruante, que os comunistas respeitam - tendo mesmo em especial apreço - os pontos de vista divergentes da direcção do partido.
Um partido político sem contraditório é, pois, um partido esgotado e com necessidade de uma regeneração. Esta deve ser enquadrada tendo em conta um processo interno de desmistificação daquilo que está, de certo modo, mistificado. E o PS - este PS - vive, nos tempos que correm, nesta espécie de limbo narcisista (mistificador). Tem um líder que é primeiro-ministro de um governo maioritário, o primeiro na história do partido.
Nesta contextura, deveria o PS marcar a diferença em relação ao seu antecessor no governo (o PSD). Mas não. Com efeito, o partido socialista decalca o mesmo caminho do PSD de Cavaco: deixa de existir. Exemplo disso é o olhar que podemos lançar para o confrangedor grupo parlamentar (aí, onde o partido verdadeiramente existe, ou deveria existir...) e depressa notamos que o grupo de deputados que compõem a maioria parlamentar não são mais do que meros títeres do governo.
Por isso, as palavras de José Sócrates na FAUL são meras palavras vazias de sentido.
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