Penso, desde há muito, que uma das desfortunas que se cola ao Partido Comunista Português tem a ver com a sua incapacidade de fazer passar positiva e mediaticamente uma determinada mensagem política. A par disso, o PCP nunca conseguiu combater eficazmente a sintomatologia social que lhe é quase geneticamente adstrita.
Dois exemplos recentes que se podem invocar, a este respeito, partem de duas decisões do governo: a gestão pública dos hospitais e a descida do IVA para 20 %. Na verdade, estas duas aclamadíssimas decisões do governo tinham sido já propostas pelo grupo parlamentar do Partido Comunista. Na altura foram liminarmente rejeitadas pelos deputados socialistas; agora foram apresentadas apologeticamente como se de um achamento se tratasse.
Deste modo, torna-se evidente que um dos maiores trunfos desta maioria tem sido o de saber jogar com a dimensão mediática da política. Nem que, para isso, seja preciso proceder a uma estratégica obliteração de propostas que, mais tarde, possam vir a ser úteis.
Esta é, a meu ver, uma das razões da perniciosidade de (certas) maiorias absolutas.
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