sábado, março 01, 2008

maioria absoluta?!...

Pois é... a maioria dos portugueses (41,3%) até gostaria de ter, na próxima legislatura, um governo de maioria absoluta. Só que esta maioria deveria ser constituída por mais que um partido, preferencialmente dois. 33% prefere mesmo um governo de minoria. Eu insiro-me nestes últimos.
Na verdade, as duas únicas experiências de maioria monopartidária não foram, dum ponto de vista de uma salutar convivência democrática, aconselháveis. Com efeito, tanto José Sócrates como (principalmente) Cavaco Silva nunca foram capazes de olhar para o parlamento como um ponto de discussão onde tudo poderia ser motivo de redefinição estratégica (o âmbito das políticas europeias é, talvez, uma excepção que não faz mais do que confirmar a regra). Por isso, dentro do regime semipresidencialista que nos rege, em que o papel do Presidente da República potencia, de certo modo, determinados comportamentos obstativos ao funcionamento da própria democracia (pelo menos quando nos aparece um presidente que diz, projectando um sinal de "virtude", que não quer ser uma força de bloqueio para o governo, seja lá o que isso, numa óptica democrática, possa significar...), o monopartidarismo maioritário não nos convém. A não ser... A não ser que surja efectivamente um "força de bloqueio" o que, diga-se de passagem, é um cenário que actualmente não se revela propenso a acontecer, pois para se ser "força de bloqueio" num governo de maioria absoluta, tem que se ver, antes de tudo, a política verdadeiramente despida de constrangimentos hipócritas, do tipo o governo governa, o presidente pouco faz, isto é, anda (também) por aí, atento aos chamados dossiês políticos que supostamente possam ser considerados socialmente divisores.
O que se pede a um Presidente da República é, antes de tudo, que seja capaz de ler os sinais que a sociedade diariamente lhe transmite. Neste sentido, Jorge Sampaio foi desastroso com a anuência dada ao exraordinário governo de Santana Lopes. Cavaco Silva, infelizmente, não tem cultura política suficientemente cimentada para se constituir como uma verdadeira força de bloqueio. Para bem da Nação, pensarão muitos.

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vamos pela estrada e sentimo-nos bem. lá fora, o vento sopra, a neve cai, voam duas aves perdidas. eu sei que tenho de chegar a algum lugar...


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