quinta-feira, maio 01, 2008

a hipervalorização das casas em portugal

Em resposta a um proposta de Pedro Santana Lopes, ontem no Parlamento, que sugestionava a criação de um Plano de Impulso à Actividade Económica, à semelhança do que Zapatero fez em Espanha, com uma injecção de dois mil milhões de euros para o financiamento de Pequenas e Médias Empresas, José Sócrates respondeu que a realidade de Portugal era diferente da de Espanha. O primeiro-ministro baseava-se, no seu argumento, na conjectura imobiliária dos dois países. Assim, defendeu que aqui ao lado, em território espanhol, existe uma grave crise do sector imobiliário, o que originou, portanto, a intervenção do governo espanhol em defesa do sector. Em Portugal, adiantou ainda Sócrates, as coisas são diferentes, visto que as casas não estão ainda hipervalorizadas.
Fiquei surpreendido. Não tenho dados que me permitam comparar a realidade portuguesa e espanhola quanto à compra e venda de casas. Mas afirmar que, em Portugal, não existe uma hipervalorização na construção de casas revela um desconhecimento preocupante não do sector (tenho a certeza que Sócrates, antes da sua entrada no Parlamento, fez duas ou três perguntitas sobre quanto custava um apartamento de três assoalhadas em Lisboa, no Porto, em Bragança, etc.), mas da realidade socioeconómica da maioria das famílias portuguesas. Bastaria olhar para duas vertentes: os sinais de riqueza dos empreiteiros (dos grandes e dos pequenos) e os empréstimos à habitação concedidos pelos bancos, que já alastraram o prazo do empréstimo para os... cinquenta anos. Se isto não é um sinal de gravíssima crise no sector (no sentido da hipervalorização e da especulação imobiliária, claro), então o que será?

1 comentário:

Anónimo disse...

Muito bem j.ricardo. Muito boa análise. Continue. Já não compro jornais por sua causa... tenho vindo aqui.

coisas

vamos pela estrada e sentimo-nos bem. lá fora, o vento sopra, a neve cai, voam duas aves perdidas. eu sei que tenho de chegar a algum lugar...


neste momento...