Confesso que já tinha saudades de olhar para Vasco Graça Moura assim tão animado. De facto, desde a última campanha para as presidenciais que o autor da excelente tradução dos
Sonetos de Shakespeare anda por aí, sem grandes estados de alma, limitando-se a ser um dos principais porta-vozes que se posiciona contra a Acordo Ortográfico. Mas agora tudo mudou. Hoje, no seu habitual artigo semanal no
DN, Graça Moura inicia, logo pelo título ("Uma mulher de ideias claras"), o seu habitual registo panegírico que eu pensava, sinceramente, estar exclusivamente reservado a Cavaco Silva. Assim, as retumbantes e límpidas doses adjectivais sucedem-se num fluxo estonteante. O ímpeto sebastianista, carregado de uma espécie de ultimato, transferiu-se (de Cavaco) inteirinho para a candidata a líder do PSD. Vale a pena escutá-lo:
- "Em todo o País renasce não só uma esperança mobilizadora dos sociais-democratas, mas também, para muitos mais, uma expectativa de mudança eficaz do protagonismo da vida política e da governação que se ficará a dever ao seu empenho"
- "Tem dado provas mais do que sobejas de coerência, de isenção, de coragem e de militância"
- Ferreira Leite afirmou as posições que defende com a simplicidade, a decisão, a firmeza e a elegância que a caracterizam".
E é isto que vamos ter, até ao fim da campanha, do escritor e cronista. No entanto, convém notar que a mesma exuberância verbal que utiliza na caracterização de Manuela Ferreira Leite é proporcional à empregada para denegrir os seus (Manuela) adversários. Até 31 de Maio vamos ter, decerto, mais Vasco.
Sem comentários:
Enviar um comentário