Este post poder-se-ia chamar As moções de censura, isto é, alterá-lo para o plural, visto que o governo de José Sócrates já conta com três moções de censura, depois do PCP e o Bloco de Esquerda terem desencadeado essa prerrogativa parlamentar. Agora, foi a vez do CDS-PP, em nome do combate a políticas desastrosas (segundo as palavras de Portas) para áreas tão sensíveis como a saúde, a economia, a educação e segurança, apresentar a sua tentativa de derrube, por via parlamentar, do governo. Ora, uma moção representa, na vida democrática e parlamentar, uma atitude que se posiciona, dentro das várias formas de censurar o governo, como o recurso mais extremoso que os partidos com assento parlamentar possuem.
Por isso, ouvir o José Sócrates dizer que a moção de censura do CDS-PP é "puro oportunismo político" parece-me um argumento demasiado pobre e tubular. Até porque, obviamente, uma moção de censura representa, dentro do desenho estrutural de um grupo parlamentar, um acto político ou, se quisermos, um acto de oportunismo político. Mas não é por aí que o primeiro-ministro se deveria encostar. Uma moção de censura é um acto demasiado sério para ser discutido desse modo. De facto, com esta atitude pavorosamente superficial (se tivermos em linha de conta que Sócrates é o primeiro responsável do governo), José Sócrates contribuiu, decididamente, para a construção duma imagem que se posiciona entre a leveza e a saturação ou, se quisermos, entre um autismo e alguns tipos de tiques que completam aquilo que Mário Soares chamou, em tempos, ao governo de Cavaco Silva, ditadura da maioria.
E para ajudar à festa, veio o Alberto Martins, líder bem-falante da maioria parlamentar socialista, com aquela pérola da "linguagem imagética animalesca" referindo-se, sem ironia, a Francisco Louçã.
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