Pedro Passos Coelho relata que é um anacronismo a ideia de que os empregos, actualmente, devam ser considerados para a vida toda. É, de facto, um dogma que o neo-liberalismo emergente tem vindo a advogar com insistência de há uns anos para cá. O argumento é sempre o mesmo e liga-se à própria transformação do tecido social e profissional, comparativamente ao que se passava anteriormente. Há, contudo, nesta posição normativa, ideias que é preciso combater.
Uma delas tem a ver com a própria fundamentalização do problema. Se é verdade que antigamente havia a ideia que bastava estar quietinho no seu posto de trabalho e deixar, simplesmente, o tempo fazer o seu percurso normalizado até ao momento que, por imperativo da própria natureza humana, a reforma surgisse como o término de toda uma vida profissional (e muitas vezes pessoal), também é verdade que criar uma espécie de fundamentalismo liberal, em que aparece como paradigma económico a ideia que não há empregos para toda a vida se torna, efectivamente, uma falsidade. Primeiro, porque, felizmente, continuam a existir empregos para toda a vida. Aliás, não me parece crível que um indivíduo que esteja num emprego com dedicação e que, ao longo da sua vida, se dedique a um melhoramento da sua actividade profissional através, por exemplo, de leituras, de acções de formação, etc., se veja, agora, remetido para uma mudança de emprego pela simples mudança de teorização laboral. Se assim for, não tenho dúvidas que mudou - no que diz respeito à realidade profissional - para pior.
É preciso, pois, não criar esta ideia de contínua precariedade profissional (social, psicológica, etc.) e fomentar um emprego que pode ser, realmente, para toda a vida.
(Nota final: é curioso verificar que os paladinos destes normativos são pessoas que, na sua maior parte, se mantêm nos seus empregos há décadas, como, por exemplo, alguns directores e comentadores de jornais...).
(esboço do artigo publicado em A Voz de Trás-os-Montes do dia 8/5/2008)
1 comentário:
Perfeito...
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