domingo, maio 25, 2008

culto ao líder

Sabemos que Santana Lopes, num assomo qualquer indecifrável, chamou socialista de meia-tigela ao primeiro-ministro José Sócrates. Na verdade, o homem anda em campanha eleitoral e, de repente, deu-lhe para um discurso cuja vertente social se encontra hiperconsciencializada. Aliás, esta viragem à esquerda, no que diz respeito às questões sociais, é comum a todos os candidatos. Este facto dá para vislumbramos como é que anda a política à portuguesa. Convém dizer que o epíteto de Santana a Sócrates tinha como base a referência à fome que ainda existe em Portugal, segundo o líder parlamentar do PSD, e a consequente falta de sensibilidade do primeiro-ministro para esta franja cada vez maior da população. Daí que o termo "socialista de meia-tigela" adquira, neste âmbito, um significado pertinente e lógico (Santana, ao colar, deste modo ingénuo, a vertente social ao Partido Socialista, presta um mau serviço ao seu próprio partido e a ele próprio enquanto ex-primeiro-ministro).
O que é de todo inconcebível, no meio desta poeira retórica e eleitoralista, é que o sr. Vitalino Canas, porta-voz do PS, venha, em defesa de Sócrates, erigir um saloio e inadequado culto ao líder do PS e líder do governo. Diz ele que não gostou de ouvir Santana e que esta expressão é de "baixíssimo nível". Para além disso, acrescentou que compreende que Santana não goste de Sócrates porque este já lhe infringiu uma pesada derrota eleitoral. É tudo, portanto, para Vitalino Canas, uma questão de sensibilidades e percepções vocabulares e semânticas. Não deveria, pois, Vitalino Canas ir por aí, logo numa altura em que o líder do seu partido foi condenado pelo tribunal a uma indemnização de 10000 euros a António Cerejo, jornalista do Público, precisamente por lhe ter apontado, em artigo escrito, sintagmas adjectivais que desprestigiam a honra e a idoneidade pessoal e profissional do jornalista. Pelo menos, foi assim que sentenciou o tribunal.

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vamos pela estrada e sentimo-nos bem. lá fora, o vento sopra, a neve cai, voam duas aves perdidas. eu sei que tenho de chegar a algum lugar...


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