terça-feira, maio 13, 2008

a coação, a corrupção, o futebol

Vi ontem o programa Prós e Contras dedicado inteiramente à recente deliberação da Comissão Disciplinar da Liga no âmbito do chamado processo Apito Final. Devo confessar que o programa, ao contrário do que esperava, foi, para mim, clarificador. As minhas dúvidas residiam, basicamente, na justiça do castigo tanto ao Boavista (descida de divisão), como relativamente aos dois anos de suspensão a Pinto da Costa. Neste sentido, fiquei um tanto perplexo com a conferência de imprensa dada pelo presidente da liga, um sr. chamado Hermínio Loureiro. Na verdade, a mediatização era completamente desnecessária. Mas esta espécie de marketing judicativo tem uma razão de ser, que é, suponho, a de transmitir uma credibilidade dos órgãos disciplinares da Liga. Mas não foi isso que aconteceu. Pelo contrário, quem decide com esta pompa fá-lo, por norma, com pouca determinação. Ainda para mais quando a possibilidade do recurso é já uma realidade. Por isto, tudo me pareceu estranho.
Não sou um apreciador do Valentim Loureiro. Não gosto da maneira como ele se orienta nas várias opções profissionais que desde há muito mantém. No entanto, não posso de lhe dar razão nos argumentos por ele evocados neste processo. Houve, de facto, uma interpretação abusiva, por parte dos decisores, na condenação tanto do Boavista como de Pinto da Costa. Uma coisa é a coação (que deve ser condenada), outra é o resultado dessa coação. E, pelos vistos, os jogos em que o Boavista participou impregnados de desconfiança arbitral, não foram avaliados como sendo favoráveis a este clube, isto é, os membros encarregues de avaliar a actuação do árbitro ajuizaram que este teve uma acção, durante o jogo, normalíssima, errando ora para um lado, ora para o outro (o melhor árbitro é aquele que erra menos, convém nunca esquecer isto).
Quanto a Pinto da Costa, a lógica é a mesma. Se dúvida houvesse sobre o que paira em redor do presidente do FC Porto e do seu presidente, dissiparam-se quando o advogado Dias Ferreira entrou em cena, com uma postura hipócrita, realçando que o que julga são factos e os factos dizem que Pinto da Costa recebeu um árbitro, em véspera de um jogo, em sua casa. Logo, o outro senhor, Dias da Cunha, até este momento envergonhado, iniciou também, titubeante, a sua tese, na qual a única coisa que se compreendeu foi que existem dirigentes há tempo a mais no futebol.
Deste modo, estes dois senhores contribuíram, decididamente, para uma clarificação do problema. Li o artigo de António Barreto no Público no último domingo. Pensava que estes dois ex-dirigentes do Benfica e do Sporting fossem mais capazes e não optassem por uma postura tão óbvia nas suas conjecturas e, consequentemente, não dessem razão ao que António Barreto escreveu na crónica.
Não sei se Lisboa convive mal com a hegemonia do FCP no futebol. O que tenho a certeza é que o ódio que certas personalidades destilam contra o Porto e, especialmente, contra Pinto da Costa, é, por demais, notória. Há gente que anda há demasiado tempo no futebol? Pois deve haver. Mas quem?

1 comentário:

Anónimo disse...

Convém acrescentar que, coação dessa, fazemo-la todos os dias. Se não o fizermos, até por uma questão de simpatia e educação, não conseguiremos sobreviver nos tempos de hoje. O mais estranho é a satisfação dos “outros” como se isto desculpasse as azelhices que têm vindo a demonstrar dentro do campo. Mas enfim... Muito bem! Parabéns.

coisas

vamos pela estrada e sentimo-nos bem. lá fora, o vento sopra, a neve cai, voam duas aves perdidas. eu sei que tenho de chegar a algum lugar...


neste momento...