Confesso que ando confuso. Abro a última edição do Expresso (20 de Janeiro, p. 8) e, curioso, inicio a leitura da entrevista a Rui Rio. Primeira pergunta (pertinente) de Ricardo Jorge Pinto: "Na semana em que Luís Filipe Menezes desafiou os militantes descontentes com a sua liderança do PSD a dara cara, que avaliação faz da prestação do novo presidente do partido?" Resposta pronta do entrevistado: "Tal como combinado,esta entrevista é sobre o Porto, pelo que não irei fazer qualquer comentário sobre a vida intena do PSD."
Ando mesmo confuso... A expressão "tal como o combinado" massacra-me os neurónios por não se adequar a um jornal que recentemente recusou um panfleto publicitário que não era mais do que um panegírico às supostas virtudes humanas do presidente da Líbia, Muammar Kadafi. Chegámos, portanto, a um ponto jornalístico em que o que era condenável no tempo da censura do Estado Novo é agora democraticamente aceite por um jornal que se orgulha (louvavelmente) de ter nascido antes do 25 de Abril e de ter ajudado a combater a falta de liberdade de expressão na sociedade de então e de que os jornais eram os principais alvos.
Por isso, não consigo entender como é que o Expresso aceita, numa entrevista, ser previamente regido (pois é disso que se trata) por Rui Rio (ou por qualquer outro), precisamente um dos políticos que representa um dos paradigmas mais evidentes da nossa política caseira: uma incapacidade gritante de diálogo, de ouvir com boa fé os interlocutores e (em particular) de ser uma espécie de tiranete na cidade do Porto. São, pois, os sinais do tempo em que vivemos. Só não me agrada que o Expresso tire bilhete de primeira fila.
1 comentário:
rA luz que te deixo é da cor da minha vida...)
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