quinta-feira, janeiro 03, 2008

a mensagem de cavaco e os ordenados dos gestores

O que deu brado na mensagem do Presidente da República foi a referência aos ordenados excessivos dos muitos gestores, directores, presidentes de empresas que por aí pululam de empresa em empresa. Ora o que é curioso verificar, no meio de tudo isto, é que quem critica o presidente de demagogia (embora ressalvando que é um tipo de demagogia crente...) é precisamente quem aufere ordenados de milhares e milhares de euros ora comentando aqui, ora escrevendo ali, ora ainda aparecendo como convidado não sei mais onde. E concluem com o argumento (e este nem se atrevem a adjectivá-lo de demagógico): o que está em causa não é o ordenado dos gestores; o que realmente interessa é o ordenado dos trabalhadores que é muito baixo. Pois é, mas acontece que a disparidade entre os chamados gestores de topo e os trabalhadores (que são, no fundo, a classe média) é cada vez maior. E isto resulta que a chamada classe média em Portugal se encontra cada vez mas estagnada, mais pobre e a classe socialmente rica vai gozando cada vez com maior ímpeto o usufruto dos seus rendimentos. No meio de tudo isto, parece que muitos não querem compreender que um país só é verdadeiramente civilizado quando o todo se situa em patamares de desenvolvimento os mais homogéneos possíveis. Ora assim, com o empobrecimento da classe média, não vamos lá.
Uma analogia com este tema é o que se passa com o encerramento das maternidades e urgências nas zonas mais desfavorecidas do país. Estas também tendem, com estas resoluções, a ficar cada vez mais pobres. Por outro lado, as outras (as capitais de distrito), já de si com um capital de riqueza naturalmente acrescido, vêem-se com valências que até nem solicitaram.

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vamos pela estrada e sentimo-nos bem. lá fora, o vento sopra, a neve cai, voam duas aves perdidas. eu sei que tenho de chegar a algum lugar...


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