terça-feira, janeiro 29, 2008

aldeia da luz, lembram-se?

Escrevi nas páginas do Público, aquando do "afogamento" pelas águas da barragem do Alqueva da antiga Aldeia da Luz e a sua respectiva deslocalização para um outro lugar, que os habitantes da aldeia "estão a assumir um enormíssimo sacrifício em prol do desenvolvimento da sua região e, consequentemente, do seu país. Por isso, não deveria haver um único membro desta comunidade insatisfeito com a casa que lhe é oferecida." A minha carta teve até uma simpática resposta e um convite do relações públicas da empresa EDIA, SA para visitar o local, a nova aldeia e todo o espaço idílico que aí nasceria.
Ora passados mais ou menos dez anos o que se verifica, a julgar pelas declarações de Francisco Oliveira, presidente da Junta de Freguesia da Aldeia da Luz, é que os habitantes desta pequena comunidade se sentem enganados (lembro que a Aldeia da Luz teve honras de visita do Presidente da República, Jorge Sampaio). Francisco Oliveira é peremptório na resposta ao entrevistador do DN: "Prometeram-nos a construção do centro artesanal, da marina, da adega, do posto de recolha de azeitona, de o barco passar por aqui para levar e trazer pessoas. Sabe o que foi feito? Nada!"
É, pois, lastimável que a marca mais visível do governo da república, orientado pelos políticos que por lá passam (alguns de passagem para postos ora mais elevados, ora mais rentáveis) seja a de promessas não cumpridas.
Com efeito, esta deslocalização poderia ser exemplar na construção dum novo paradigma social, ecológico e habitacional para o Alentejo, até por que uma pequena aldeia construída de raiz é uma oportunidade que deveria aproveitada de forma exemplar. Convém não esquecer (e retomo o que escrevi na altura), que estas pessoas assumiram "um enormíssimo sacrifício em prol do desenvolvimento da sua região e, consequentemente, do seu país. Por isso, não deveria haver um único membro desta comunidade insatisfeito com a casa que lhe é oferecida." Deste modo, se o Presidente da Junta de Freguesia ultrapassa a sua própria individualidade ao representar toda a comunidade, temos aqui mais um caso paradigmático da relação que o Estado (prefiro dizer, os governantes) mantêm com aqueles que não têm voto... na matéria.

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vamos pela estrada e sentimo-nos bem. lá fora, o vento sopra, a neve cai, voam duas aves perdidas. eu sei que tenho de chegar a algum lugar...


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