A minha primeira emoção, quando li hoje a primeira página do Público foi de regozijo por vivermos num regime que permite aos jornalistas publicar, sem medo de censura prévia, o que de facto eles entendem que deve ser dado a conhecer aos seus leitores em particular e ao país em geral. O segundo momento de perturbação emocional foi de revolta para com o país em que vivemos e (principalmente) para com os políticos que ao longo destes trinta e tal anos nos têm vindo a governar. Como é possível que 656 celas ainda tenham, como retrete, um balde? Devo notar que o emprego do advérbio seria igualmente chocante há 50 anos atrás. Mas nesse tempo o regime era outro e os presos nem sequer contavam na contabilidade oficial (o Tarrafal era bem pior, sempre se poderia ajuizar...).
Posto isto, o ministro Alberto Costa, o que tutela a justiça (sem ironia...) e, por arrastamento, o governo de que faz parte, iludiram mais uma vez os eleitores no incumprimento de mais uma promessa: balizaram temporalmente a terminação desta vergonha para o final de 2007. O gabinete de Alberto Costa defende-se que das 656 celas ainda sem sanitários, 253 estão "em fase de execução", outras já foram adjudicadas e que nas restantes o projecto está "em curso". Vale a pena dizer mais?
(publicado no jornal Público em 15/01/2008)
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