sexta-feira, fevereiro 08, 2008

prova de acesso carreira docente

Sem querer (ainda) esboçar juízos de valor definitivos sobre a prova de acesso à carreira docente, copio (sem autorização da autora) alguns pontos (pertinentes) que Susana Castilho levanta a esse respeito no Público (7/02/08): «O Decreto Regulamentar n.º 3/2008 estipula que, doravante, para se exercer actividade docente num estabelecimento de ensino público pré­‑escolar, básico ou secundário não chega o grau académico de mestre. É preciso passar numa prova de avaliação de conhecimentos concebida e organizada pelo Ministério da Educação. Procedendo assim, o Ministério da Educação vem dizer, entre outras, duas coisas: que não confia nas instituições de ensino superior que formam professores e que nós, portugueses, não devemos confiar no Estado». Termina, depois, deste modo: «Não cabendo nesta crónica uma análise detalhada do articulado do diploma, não quero concluir sem dois comentários circunstanciais, a saber: 1. Será melhor professor um candidato com 14, 14, 14, nas três componentes da prova, que outro com 20, 20, 13? Pois o primeiro passa e o segundo é excluído. 2. A leitura conjugada dos artigos 12.º e 14.º permite antecipar que entre a prestação da prova e a divulgação ‘dos programas e bibliografia de leitura recomendada’ mediarão 20 dias. Vinte dias para tratar uma bibliografia? Será isto credível? Será isto sério?».
Pois é: sério, realmente, não parece. Excluo neste ponto de vista o argumento que, agindo o Ministério da Educação deste modo, nos remete para uma posição de desacreditação do próprio Estado (não vislumbro, embora perceba o viés argumentativo, a lógica deste raciocínio). É talvez mais uma prova de que as reformas do sistema educativo (reformas e contra-reformas, convém que se sublinhe) são feitas basicamente tendo em conta uma verdadeira obsessão legislativa em que os verdadeiros pressupostos educativos são sistematicamente postos de parte. Voltarei a este assunto.

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vamos pela estrada e sentimo-nos bem. lá fora, o vento sopra, a neve cai, voam duas aves perdidas. eu sei que tenho de chegar a algum lugar...


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