Ouço o antigo ministro do turismo e ouço o representante do Casino Lisboa mais visível nesta contenda (Assis Ferreira) e uma palavra me atordoa a cabeça: falcatrua. Esta palavra, de origem decerto popular, não implica necessariamente um significado que comporte uma ilegalidade declarada. Um sujeito falcatrueiro é um chico-esperto. Dois sujeitos falcatrueiros são dois chicos-espertos.
O que se passou com o negócio do Casino Lisboa, em que foi aceite pelo extraordinário governo presidido por Santana Lopes a reversão do espaço para a Estoril-Sol no fim da concessão do jogo, não é mais do que a prova de como o poder se sobreleva na cabeça de pessoas que objectivamente não estão preparadas para desempenhar decentemente cargos da importância que Telmo Correia exercia quando assinou esta alteração ao artigo 27 da Lei do Jogo (esse governo, aceite por Jorge Sampaio após a fuga de Barroso para a Comissão Europeia, foi, de facto, uma autêntica fábrica de dislates políticos, os quais se têm vindo a descobrir de forma completamente desaustinada).
A começar, desde logo, pela carta que a Estoril-Sol enviou a Telmo Correia, afirmando que a mudança da lei seria uma "mudança cirúrgica (...) totalmente imperceptível [e] insusceptível de ser interpretada como relacionável com a clarificação da situação." Com esta singular construção frásica, ou Mário Assis Ferreira queria dar a volta à cabecinha deslumbrada de Telmo Correia, ou então os negócios do jogo fazem-se mesmo assim, com intervenções cirúrgicas insusceptíveis de serem interpretadas.
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