António Barreto (Público, 10/02/08) giza uma sociedade perfeita no que concerne às coisas da educação. Advoga uma descentralização completa no sentido de conferir uma maior capacidade de decisão ao poder autárquico e às escolas. Em defesa da sua tese, desafia-nos: "Já se pensou no que poderia ser um ministério da educação sem nomeação de professores, sem definição de horários, sem autoridade sobre os técnicos de apoio, sem concursos de aquisição de bens, sem capacidade para aprovar, dia sim dia sim, regulamentos pedagógicos e normas de execução?"
Caro António Barreto, em que país é que vive?!... Sabe que em concelhos que fogem duma determinada área urbana (pequenos concelhos do interior), o sonho de qualquer presidente executivo duma escola é um dia chegar a presidente da autarquia! Por isso, as guerras entre os respectivos órgãos executivos são, muitas vezes, degradantes. Um exemplo concreto: existem câmaras municipais e escolas do mesmo concelho que se digladiam para conseguirem o Centro Novas Oportunidades (CNO), prometendo uns o 9º ano em 3 meses, outro, tendencialmente mais pedagógicos, em ano e meio e há por aí quem tire o 9º ano em... 2 dias (promessas, pelo menos, existem). Agora imagine o que seria essa utópica descentralização educativa. Com o nível que temos de responsabilidade civil, não me parece exequível esse seu projecto.
(publicado no jornal Público no dia 12/02/08)
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