É o título de uma notícia do jornal Expresso e diz respeito ao descontentamento dos portugueses sobre a prática de regalias notoriamente excessivas que se tem vindo a desenvolver na nossa sociedade, nomeadamente em muitas empresas públicas e privadas. Assim, segundo o jornal, citando o director do Observatório de Segurança, Garcia Leandro, "vão ocorrer movimentos de cidadãos que já não podem aguentar mais o que se passa." Tudo porque, quando se olha em volta a paisagem não é serena: de um lado, observamos uma promiscuidade tradicional entre o público e privado, chorudas indemnizações de gestores, reformas acumuladas dos nossos políticos, lucros de milhões dos bancos; do outro, uma classe média cada vez mais apertada, pobreza encapotada e vergonhosa, hipotecas de casas... Em suma, uma distância cada vez maior entre os mais ricos e os mais pobres (tal como acontece, aliás, naqueles países que nos habituámos a ver como um exemplo de corrupção activa).
Neste contexto, retenho uma frase consensual do último programa A Quadratura do Círculo: em Portugal quem vive da política não consegue viver, mas sobreviver. Eu entendo o contexto com que esta afirmação foi proferida (entretinham-se os comentadores na abordagem às recentes declarações do Bastonário da Ordem dos Advogados). No entanto, exigia-se por parte dos três elementos que compõem o programa, um pouco mais de bom senso e de rigor: é que, por exemplo, o ordenado bruto de um deputado é de 3524,85 euros. Se juntarmos os subsídios, leva para casa todos os meses cerca de três mil euros. Nada mal, para quem anda por aqui a sobreviver.
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