quinta-feira, fevereiro 07, 2008

alberto costa ou as (des)virtudes do laconismo

À pergunta do jornalista sobre se Alberto Costa, ministro da justiça, manteria a confiança no director da Polícia Judiciária Alípio Ribeiro depois das suas declarações (estranhas) nas quais revelou (um estado de alma? Uma opinião fundamentada?) que houve uma precipitação "por parte da PJ ao atribuir o estatuto de arguido ao casal Mc-Cann" (TSF), respondeu o ministro do seguinte modo: "o facto de o director nacional da PJ continuar em funções significa tudo o que penso sobre essa matéria." O jornalista, ou não entendendo ou não ouvindo à primeira, repetiu a pergunta. Conseguintemente, a resposta foi a mesma.
Ora este tipo de evasões discursivas revela bem o que esta gente pensa da maneira de estar na vida pública e nos altos cargos que ocupam. O sr. Alberto Costa tem de entender que estas respostas não dizem objectivamente nada. A questão levantada pelo jornalista merecia uma resposta clara, sem subterfúgios semânticos, dentro de uma lógica discursiva adequada ao acto locutório criado. Agora esta coisa de repetir que "o facto de o director nacional da PJ continuar em funções significa tudo o que penso sobre essa matéria" é igual a zero. E os zeros não encaixam lá muito bem com cargos deste tipo, embora às vezes haja erros de "casting" político. Alberto Costa é um deles.

(publicado no jornal Expresso na edição de 16/02/08)

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