terça-feira, maio 05, 2009

campanhas

Nada como uma campanha eleitoral para conhecermos os políticos. Então quando em vez de uma se juntam três num escasso espaço de tempo, as coisas parecem fluir condignamente. Vivemos um tempo estranho. Comentadores, jornalistas, políticos, os chamados opinion makers têm tido muito trabalho. Tanto que passam a vida a analisar aspectos interessantes da política como, por exemplo, os cartazes eleitorais, designadamente aqueles que habitam as rotundas, cruzamentos e entradas das cidades. Neste campo, Manuela Ferreira Leite foi crucificada. De facto, nada como os preconceitos para nortear o comentário político. A própria tem, naturalmente, culpa: não é propriamente uma ave rara na política (foi ministra da educação e das finanças no consulado cavaquista e não deixou saudades). Mas também é verdade que nunca foi líder partidária e sempre se pautou como uma espécie de D. Sebastião social-democrata (um outro com idêntico carisma que, felizmente, se tem vindo a esvaziar é António Borges). Ou seja: foi paulatinamente erigindo uma imagem que deveria ter uma resposta em consonância com o cargo que ocupa (cargo esse para o qual foi demasiado impelida, deve-se sublinhar). E não é isso que se tem vindo a passar. Muito por culpa dela, decerto, mas também por culpa da imprensa. Vejamos os casos dos cartazes.
Colocando lado a lado os primeiros cartazes do PS e do PSD por que razão foi o de Manuela Ferreira Leite tão torturado? Acaso estará o do PS melhor elaborado, tanto do ponto de vista artístico (o que de isso tem de subjectivo) como também no que diz respeito à mensagem que pretende transmitir? Não será a sobriedade uma imagem de marca da candidata? O fundo cinzento-escuro não estará, do ponto de vista da mensagem global (política, pessoal, social, psicológica), idealizado de forma eficaz, comparando com os tons monárquicos em que Vital Moreira aparece, sem prescindir da sua própria assinatura? Porquê então este purgatório para a líder social-democrata? A resposta carece de análise mais cuidada, mas passa, incontornavelmente, pela imprensa que temos.
Manuel Pinho referiu-se deste modo a Paulo Rangel: "tem de comer muita papa Maizena para chegar aos calcanhares de Basílio Horta". O assunto que está subjacente a este extraordinário pensamento liga-se ao projecto que o candidato ao Parlamento Europeu do PSD atentou, o qual preconiza um Erasmus para o primeiro emprego. Basílio Horta comentou em tom crítico Rangel, afirmando que tal projecto - conhecido por Vasco da Gama - já existe. Ora, o cabeça de lista social-democrata estranhou que um "agente administrativo" tenha intervido directa e objectivamente na campanha eleitoral. Tem razão? Não tem razão? Não interessa. O que de facto interessa são as patatadas de Pinho, essa excelência da política portuguesa que disse o que disse. Os eleitores gostam? Claro que gostam (que falta faz uma boa escola num país). Os jornais apreciam? Obviamente.

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vamos pela estrada e sentimo-nos bem. lá fora, o vento sopra, a neve cai, voam duas aves perdidas. eu sei que tenho de chegar a algum lugar...


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