sábado, dezembro 08, 2007

os terroristas e a cimeira europa-áfrica de lisboa

Quando Mário Soares, aqui há uns meses, invocou uma remota possibilidade de se constituir um diálogo sério com os terroristas, entre os quais se encontravam os da Al-Qaeda, a imprensa portuguesa, na sua generalidade, achou a ideia descabida, mesmo disparatada. Quase todos defendiam os seus argumentos defendendo principalmente os valores democráticos do ocidente, designadamente os que alicerçam o continente europeu.
Devo sublinhar que a minha opinião coincide com a do ex-presidente da república. Não quero com isto dizer que nos devamos pôr de cócoras perante terroristas abomináveis, mas a construção de pontes de diálogo, até para isolar os grupos mais fanáticos, poderá ser um princípio da edificação de um edifício à escala global que se quer de paz e de solidariedade.
Como se sabe, o caminho que se seguiu foi o oposto e os resultados são, como também se está a verificar, desastrosos para a humanidade.
No entanto, a cimeira que decorre este fim de semana em Lisboa vem, no fundo, sustentar objectivamente a tese de Soares. Com efeito, devem-se contar pelos dedos de uma mão os dirigentes africanos que cá estão que não tenham tido (e muitos deles continuam a praticar) actos que esbarram com os tais valores ocidentais e europeus. Mas é também para isso que serve a política: não lidar com as mesmas armas com que estes intratáveis líderes suportam os infindáveis anos de poder.

(publicado no Expresso em 15/dezembro/2007)

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