domingo, dezembro 30, 2007

a importância do cartão de militante

Toda esta novela do BCP e da CGD vem revelar um aspecto interessantíssimo da sociedade coeva, a qual passa pela assunção determinada do rotativismo que tem vindo a marcar esta terceira República. Com efeito, os dois partidos que sistematicamente trocam o poder entre si mostraram aquilo que têm de pior: o bloco central de interesses. E o mais singular é que tudo é já feito às claras, revelando que a construção deste bloco central é, de facto, um dado adquirido e com muitos anos ainda pela frente, pois até o Presidente da República a este propósito nada diz. Estes partidos evocam descaradamente acordos de cavalheiros sobre os quais recai a enorme chicana política deste tempo e que passa pela troca de lugares em certas empresas públicas (e também algumas privadas) quando um ou outro partido se alternam no poder. Tudo em nome do chamado acordo de cavalheiros. Ora este acordo de cavalheiros é simplesmente uma pouca-vergonha, pois vem dar razão àqueles que sempre defenderam que neste país só quem se mete na política (e que tem cartão de militante) é que tem fortes probabilidades de subir na vida. Mesmo que a ética seja uma palavra vã, inócua.

(publicado no jornal público em 5.1.2007)

Sem comentários:

coisas

vamos pela estrada e sentimo-nos bem. lá fora, o vento sopra, a neve cai, voam duas aves perdidas. eu sei que tenho de chegar a algum lugar...


neste momento...