quarta-feira, março 30, 2011

a seca partidária

Faz-me sempre muita confusão a capacidade que os partidos têm de, simultaneamente, agregar e dispersar apoios. A partir do momento que iniciam uma via de pretenso apogeu no governo da República, a sua e também pretensamente saudável via de discussão interna começa a esgotar-se, numa similitude com a seca que sistematicamente se abate sobre os outrora campos verdejantes. Aconteceu no PSD cavaquista e, presentemente, com o PS de Sócrates. Convém lembrar que Sócrates foi eleito secretário-geral do PS com uma clara contestação interna, não ao nível da percentagem de votos, mas antes no que diz respeito às tendências mais ou menos socialistas, mais ou menos modernistas de um partido que bebe a sua inspiração numa social democracia assente num paradigma de justiça social. Convém, neste sentido, fazer justiça ao Manuel Alegre deputado. Por outro lado, o Alegre candidato a presidente acompanhou a secagem partidária. O mesmo diz respeito a João Soares: Pergunto: onde está o João Soares que se apresentou contra Sócrates há meia dúzia de anos? A resposta é a mesma: enxugamento e consequente poalha partidária. O resultado de tudo isto é o que se vê: o PS não teve nem engenho nem arte para alterar o estado degradante do seu debate interno. Tudo poderia ter sido diferente se houvesse verdadeira democracia dentro dos partidos políticos, os quais deveriam ter força (autonomia) suficiente para mudar de líder, mesmo quando o mesmo ocupa o prestigiante cargo de primeiro ministro. No Reino Unido foi isso que aconteceu com a substituição de Tony Blair por Gordon Brown. Aliás, antes do candidato está o partido e antes do partido está o país. Só é pena que esta gente esqueça esta verdade diretora.

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vamos pela estrada e sentimo-nos bem. lá fora, o vento sopra, a neve cai, voam duas aves perdidas. eu sei que tenho de chegar a algum lugar...


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