Jorge Coelho renunciou, estoicamente, à pensão vitalícia a que tinha, por inelutável intermédio da letra de lei, direito. Sabemos que o Governo prepara uma diretiva no sentido de acabar com este tipo de benesses a ex-políticos que se encontrem a usufruir de uma acumulação no setor privado. Daí que a nobreza deste gesto de Coelho se encontre ao mesmo nível de uns outros seus compagnons de route, agora no governo, os quais recusaram - vejam só! - o subsídio de alojamento a que tinham direito, mesmo sendo possuidores de habitação própria na capital. Foi até com este tipo de fundamentação que Aguiar Branco superou esta onda de hipocrisia política ao renunciar a um dos subsídios de alojamento (o monetário).
A este propósito, convém desmistificar algo que os comentadores políticos teimam em engrandecer, que se cola a uma suposta verdade que é a de que os políticos, em Portugal, são mal pagos. Mal pagos em relação a quem? Quantos quadros superiores públicos recebem, por exemplo, 800 euros mensais de subsídio de alojamento? E não sei quanto para despesas de representação?
A meu ver, urge, efetivamente, em Portugal, uma reforma salarial. Só que a mesma não passa - não deve - pelo aumento da massa salarial dos políticos.
Sem comentários:
Enviar um comentário