quarta-feira, setembro 10, 2008

josé sócrates e a educação propagandística

Não sei se o homem trabalha somente para as estatísticas ou se é um especialista em propaganda. O que eu sei é que, por vezes, parece que exagera na sua própria orientação comunicacional (própria ou de alguma agência de comunicação). Vem isto a propósito das recentes declarações que o primeiro-ministro esboçou a propósito da diminuição das retenções nas escolas públicas. Assim, José Sócrates disparou, empolgado: "ao logo destes anos, fizemos mudanças nem sempre bem compreendidas, mas que hoje permitem que aos olhos da opinião pública os professores e a escola sejam mais bem vistos".
Ora, é este sentido obscuro e patético de missão inicialmente "mal compreendida", como se a verdade absoluta residisse nos gabinetes da 5 de Outubro (ideia que, por si só, dá vontade de rir), que faz com que Sócrates resvale, amiudadas vezes, para o ridículo. Na verdade, se existe profissão que desde sempre foi "bem vista" pelos portugueses é precisamente a dos professores. Do mesmo modo, falar desprendidamente de "opinião pública" é simplesmente irrelevante. Por outro lado, podíamos aventar aqui um número considerável de profissões que são "mal vistas pela opinião pública" e que, se nos guiarmos por este paradigma, revela-se mais fácil responsabilizar, negativamente, o governo. No fundo, chama-se a isto brincar com a educação.

(publicado no Público em 11-9-2008)

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vamos pela estrada e sentimo-nos bem. lá fora, o vento sopra, a neve cai, voam duas aves perdidas. eu sei que tenho de chegar a algum lugar...


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