segunda-feira, outubro 19, 2009

e o encontro de deus pinheiro consigo próprio

Mas não se fica por Carvalho da Silva e António Costa este tipo peculiar de encarar politicamente o país e os eleitores (ver post anterior). João de Deus Pinheiro, outro vetusto líder político, aproveitou uma pequenina aragem que Manuel Ferreira Leite lhe proporcionou para sair da sua longa hibernação. Andou, por isso, alegremente junto da líder durante grande parte da campanha eleitoral, pelo menos quando os momentos televisivos remetiam para uma certa solenidade. Afinal, Deus Pinheiro foi uma figura de proa do cavaquismo (Ministro da Educação e dos Negócios Estrangeiros), Comissário Europeu, e outras coisas mais. E como não se pode desaproveitar certas cabeças luminárias, aceitou o convite para liderar uma lista distrital de deputados à Assembleia da República, na esperança legítima de ver o seu nome proposto para Presidente do Parlamento ou, no mínimo, para um qualquer poiso ministerial.
Mas Manuela Ferreira Leite e o PSD perderam as eleições. Por conseguinte, Deus Pinheiro, que chegou a pedir a maioria absoluta (que chatice seria governar sem maioria), teve de se contentar com um lugarzito de deputado. Aguentou-se meia-hora. Assinou e renunciou ao mandato.
Comecei a julgar que Manuela Ferreira Leite perderia as eleições quando aceitou a integração de António Preto na lista de deputados, isto é, quando a sua imagem de credibilidade, a sua apregoadíssima e tenaz luta pela verdade se começou a esmorecer. Depois, quando vi Deus Pinheiro várias vezes a seu lado, marcando uma presença vazia, inócua e, por isso, prejudicial à candidata, tive a certeza dessa derrota. Não me enganei.
Não sei se Manuela Ferreira Leite se sente ultrajada. Estou propenso a crer que muitos eleitores que acreditaram no seu projecto, nas suas palavras, não se sentirão, agora, lá muito bem. E a culpa é também dela.

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vamos pela estrada e sentimo-nos bem. lá fora, o vento sopra, a neve cai, voam duas aves perdidas. eu sei que tenho de chegar a algum lugar...


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