Não posso deixar de sublinhar a melhor intervenção de hoje no Parlamento e que teve a cargo de Jerónimo de Sousa. Tudo a propósito das infelizes e decorrentes (decorrentes na infelicidade) declarações de Manuel Pinho, que é ministro da economia de Portugal. Manuel Pinho, reflectido, afirmou há dias que o tempo da prosperidade acabou. Já ouvimos muitas variantes frásicas do verbo acabar, desde Santana Lopes (a crise acabou) até ao próprio Sócrates (a crise acabou, ou a brincadeira acabou, referindo-se à educação...). Mas o que nunca tínhamos ouvido foi este arrastamento do pobre verbo para uma dupla negação, isto é, o tempo da prosperidade deixou de existir. Mas o que disse Jerónimo de Sousa? Apenas se interrogou: mas a prosperidade acabou para quem? Quem é que, ao longo destes anos prosperou? Sócrates, o visado, não respondeu.
(publicado no jornal Público em 11/10/2008)
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