quinta-feira, novembro 06, 2008

a vitória de obama

Será agora oportuno definir o seguinte: a vitória de Barak Obama é, efectivamente, um facto histórico extraordinário. Ainda ontem vi na televisão o filme Ray Charles e, ao olhos de um americano dos meados do século passado (e dos anos 60... ou 70... ou mesmo 80!...), pensar que um afro-americano poderia tornar-se presidente dos Estados Unidos seria um prognóstico no mínimo alucinante. Numa perspectiva sociológica, este arrombo na sociedade norte-americana será motivo, no âmbito das ciências sociais, para investigações futuras. Quanto ao plano político, parece-me óbvio que Barak Obama representa - mais a nível internacional do que propriamente interno - uma mudança de paradigma, o qual se alicerça numa postura mais dialogante e, consequentemente, menos prepotente e igualmente com uma menor fúria belicista. No entanto, não sou dos que entram em euforias desmedidas. Ele já deu sinais no mínimo estranhos, quando, por exemplo, referiu que matará Bin Laden, fazendo lembrar a paranóia bushiana quando afirmava, à cowboy, que queria Bin Laden, morto ou vivo. Mário Soares, a este propósito já lembrou, acertadamente: num estado de direito, não se pode afirmar uma coisa dessas: os criminosos têm direito a um julgamento. Mesmo Bin Laden! É provável que Obama tivesse proferido estas palavras num contexto de campanha eleitoral (ganhou, decerto, alguns milhares de votos mais conservadores com esta frase bombástica). É meu desejo que assim seja.
Um outro aspecto que gostaria de realçar diz respeito ao jargão jornalístico de que na América tudo é possível, referindo-se, precisamente, ao facto de um afro-americano ter sido eleito Presidente dos Estados Unidos. Por norma, os jornais começam este tipo de raciocínio realçando o percurso biográfico de Obama: pai emigrante, classe média, estudos, etc. Nesta contextura, não é só na América que "tudo é possível". A igualdade de oportunidades faz parte de qualquer país civilizado, tornando-se mesmo uma conquista dos mais elementares direitos humanos. Em Portugal, por exemplo, temos um presidente da República que, em miúdo, ajudou muito provavelmente, o pai na bomba de gasolina que este possuía algures em Boliqueime, no Algarve. E ainda bem que assim é. Acontece que a América estava mal habituada, com a omnipresença política de certas dinastias, desde os Keneddys, os Clintons e agora os Bush. Isso é que não era saudável.

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vamos pela estrada e sentimo-nos bem. lá fora, o vento sopra, a neve cai, voam duas aves perdidas. eu sei que tenho de chegar a algum lugar...


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