quinta-feira, outubro 31, 2013

sinais e sacrifícios

Basta um pouco de lustro num qualquer indicador para o Governo vislumbrar um doce encanto de final da crise, da recessão, do desemprego. A par disso, o inestimável primeiro-ministro realça, no parlamento solene, o sacrifício (odiosa e hipócrita palavra) dos portugueses, verdadeiros heróis do nosso tempo. São, pois, os portugueses os autênticos obreiros deste Portugal moderno, os portugueses que emigraram, expulsos e envergonhados, os portugueses a quem lhes é oferecido um definitivo desemprego, os portugueses que passaram a substituir o jantar por um caldinho de legumes, os portugueses que deixaram de estudar, os portugueses que comem nas cantinas das escolas no tempo de férias, os portugueses que não compram os manuais escolares, os portugueses que esperam a morte, desamparados de qualquer segurança social, os portugueses que regressam a casa dos pais, os pais que regressam a lado nenhum. Gente ousada, diria novamente Camões deste nobre povo luso.

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vamos pela estrada e sentimo-nos bem. lá fora, o vento sopra, a neve cai, voam duas aves perdidas. eu sei que tenho de chegar a algum lugar...


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