Passos Coelho iniciou o mote, há semanas: temos de discutir o pós-troika. Torna-se agora evidente que não partira dele a ideia (e aqui não existe surpresa alguma). Cavaco, o presidente depois-não-digam-que-eu-não-avisei, auspiciosamente, prevenira-o. A coisa não levantou grande fervura por parte de ninguém e o avisado Cavaco sentiu-se confortável na aquiescência cava dos opinion makers políticos e meteu mãos à convocatória. Asneira. A discussão pós-troika quer dizer que Cavaco Silva se encontra num estádio de apatia perante o presente. E não devia, obviamente. É que
o presente tem a ver com coisas tão presentes (desculpem o jogo de palavras)
como isto: o que fazer com a economia? O que fazer com os milhares de
desempregados? O que fazer com o crescente número de pessoas que diariamente
vasculham comida nos contentores do lixo? O que fazer com a desesperança dos
portugueses? O que fazer com a posição de Portugal perante a União Europeia e
os países do Sul?
Algumas destas questões serão também colocadas, estou certo, pela Nossa Senhora de Fátima, a julgar pelas declarações do Papa Francisco, do Papa Emérito Bento XVI ou do Cardeal de Lisboa D. Manuel Clemente, por exemplo. Talvez o Presidente da República não sintonize plenamente os canais apostólicos, talvez se sinta incapaz, talvez esteja a construir o seu próprio cognome - o avisado. Porém, o que se afigura, desgraçadamente, correspondente com esta extraordinária reunião é que o Presidente da República Portuguesa gosta mais de discutir abstrações futuras do que realidades presentes.
Talvez Cavaco Silva saiba o que mais ninguém sabe: como será a Europa dentro de um ano (ia escrever três meses).
É, pois, demasiado mau tudo isto.
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