domingo, junho 07, 2009
eleições (2)
Dar, neste momento, uma sondagem para as legislativas (que eu presumo que seja a vitória do PS, ou melhor, a vitória de José Sócrates), com a pergunta idiota "e se fosse para as legislativas?" é ridículo. E, para além de ridículo, muito dificilmente se constitui como um dado crível para percebermos a dinâmica de voto em eleições legislativas.
eleições
Um primeiro sinal das eleições europeias: temos das mais altas taxas de abstenção dos 27 países da União. Claramente, este dado faz da abstenção o grande vencedor das eleições. Um outro importante sinal, a nível interno, diz respeito à viragem que rapidamente se processou na sociedade portuguesa, o que leva a pôr em causa muita teoria política, muitos jornais e comentadores. Como disse Ricardo Costa, na SIC, na noite da eleições, ninguém de bom senso afirmava, há dois meses atrás, que o PSD ganharia as eleições europeias. Afinal, o cozinhado político pode ser mais ou menos efervescente, e muito mais inesperado do que muitos teóricos equacionam. Do mesmo modo, também ninguém adivinharia que o Bloco de Esquerda triplicaria os seus deputados e até mesmo a sua votação. Ainda neste pressuposto de teoria política, poucos alcançavam que seria o PS o único partido que realmente desceu, alimentando, de certo modo, os restantes partidos. Um outro dado que convém aventar diz respeito ao fim do mito José Sócrates, visível, aliás, na triste figura que Maria de Lurdes Rodrigues resplandeceu quando entrou no Hotel Altis, em Lisboa (sede do PS nestes tradicionais momentos eleitorais), empurrando com a mão os jornalistas que ansiavam por um seu comentário. A frase que lhe ouvimos foi "deixem-me passar, por favor", com uma expressão facial que não lhe ficou nada bem. De facto, é bom relembrar que o primeiro-ministro teve, durante a campanha, uma notória visibilidade, enganando – e muito, mais uma vez – os jornalistas e comentadores políticos, os quais construíram uma relação directa e inequívoca entre a sua presença e a vitória (garantida) nestas eleições. O mito socrático chegou, pois, ao fim. Pelo menos, é o início do seu fim. Na verdade, se resta ainda a José Sócrates algum tipo de esperança para as legislativas, torna-se imperioso que comece a manifestar sinais claros de mudança de mentalidade e estratégica. E estes devem inquestionavelmente passar pela total rasura de personalidades como, por exemplo, a ainda ministra da educação, a qual tem, obviamente, como outros, a sua quota-parte de responsabilidade nesta derrota eleitoral.
quinta-feira, junho 04, 2009
vital
É impressão minha, ou o candidato Vital Moreira passa a vida nos ombros das outras pessoas, nesta campanha? E o mais curioso é que parece que gosta. Ando a tentar lobrigar o tecido subliminar de tal reacção aquiescente. Aceito, agradecido, sugestões.
jornalismo opinativo ou de factos
Ontem em o Clube do Jornalista, na RTP2, andou às voltas sobre o tipo de jornalismo que se pratica em Portugal. O ponto de referência foi, desacertadamente, Manuela Moura Guedes. E foi desacertado porque se tem vindo a empolar, desregradamente, o formato do jornal televisivo apresentado pela jornalista. Na verdade, Manuela Moura Guedes sofre dum mal que atravessa a classe: opina quando não deve opinar. Ou seja: quem está à frente dum telejornal, por exemplo (o chamado pivot), tem uma função específica: apresentar notícias. Por conseguinte, deve-se reduzir (e reduzir aqui não tem qualquer sentido depreciativo) a esta limitação. Aqui não há, pois, lugar para a opinião. O mesmo se passa com um entrevistador. Este deve estudar previamente as perguntas e os temas que desenvolverá na entrevista e possuir uma capacidade (oportuna) de intervenção, na eventualidade do entrevistado se afastar dos temas impostos pelo jornalista. Nada mais do que isso. Ora, o jornalismo opinativo é outra coisa. Quem quiser opinar, não deve entrevistar nem apresentar telejornais. Tão simples quanto isso.
quarta-feira, junho 03, 2009
vital moreira
Do ponto de vista discursivo, Vital Moreira não se enquadra numa campanha eleitoral. E não é por ser professor doutor de Coimbra, conforme Almeida Santos justificou, burlescamente, aquando do anúncio do cabeça de lista do PS. Há, de facto, qualquer coisa de anacrónico na personagem. Não sei se é a escola do PCP dos anos subsequentes à revolução que lhe enubla o pensamento, ou se estamos perante um mero e infeliz caso de falta de jeito. De facto, todo o argumentário do candidato parece ter saído dum qualquer baú de retórica política mais embusteira. Basta vê-lo e ouvi-lo nas justificações que dá para tudo. Ainda agora o ouvi desenvolver as razões de não ter aceitado o frente a frente com Paulo Rangel. O raciocínio justificativo é não só extraordinário como estafado: não quis oferecer tempo de antena ao outro candidato. E o modo como levianamente desdiz o que anteriormente afirmou de forma inflamada? Veja-se, por exemplo, o apoio a Barroso. Agora já disse que não disse o que disse. Ou seja: já coloca a hipótese de apoiar Barroso se o PPE ganhar as eleições. Percebe-se? Também não é para perceber. É, como diz muito boa gente, para ir percebendo.
obrigado a ganhar
Passos Coelho voltou à baila com esta: o PSD está obrigado a ganhar as eleições. Já tinha dado pela falta do ex-futuro candidato social democrata. Com este regresso, só lhe faltou justificar esta sua premissa. É obrigado a ganhar porquê? Desce de divisão, se tal não acontecer?
terça-feira, junho 02, 2009
as ordens e os ordenados
Nunca percebi muito bem a relevância de muitos agraciados com os diversos penduricalhos que, anualmente, o Presidente da República atribui. Dos variadíssimos nomes que pululam na lista destes anos, não conheço a maior parte. Outros há, todavia, que sei quem são e os serviços relevantes que prestaram ao país. Ouvi na rádio o nome de Moita Flores. Moita Flores? Aquele que andou na televisão com a Júlia Pinheiro e uma outra apresentadora que não sei agora o nome mas que também é, tal como a Júlia e ele próprio, "escritora"? Moita Flores condecorado com a Ordem do Infante Dom Henrique, aquela que visa "distinguir os que prestaram relevantes serviços a Portugal, no País e no estrangeiro" e "serviços de expansão da cultura portuguesa ou para conhecimento de Portugal, sua história e seus valores"? Não é que o Moita Flores tenha culpa, ou outros que fazem parte da lista. Aquela reside numa cultura de um país imprópria, na medida em que nos habituámos e sistematicamente alimentámos figurões de trazer cá por casa. Estarei a ser injusto com Moita Flores? Talvez. Mas tenho para mim que quem anda nestas vidas e nestas companhias não merece a ordem do Infante Dom Henrique.
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vamos pela estrada e sentimo-nos bem. lá fora, o vento sopra, a neve cai, voam duas aves perdidas. eu sei que tenho de chegar a algum lugar...


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