O senhor Passos Coelho, primeiro-ministro de Portugal, não está, obviamente, sozinho na sua encanecida jactância discursiva. Eis que me surge inesperadamente à frente um artigo do senhor João César das Neves, ilustre economista da nossa praça, hoje transposto no Diário de Notícias, no qual vale a pena passar por lá os olhos. Começa assim:
"Nos anos 1960, Portugal era um país pacato e trabalhador, poupado e prudente,
que se sacrificava generosamente, labutando dia e noite para cumprir os deveres.
Frequentemente emigrava e procurava vida melhor noutras terras. E os patrões,
franceses ou alemães, suíços ou americanos, gostavam dele, por ser pacato e
trabalhador, poupado e prudente. Havia quem abusasse da sua dedicação, e ele
sabia-o. Sentia-se enganado, mas apesar disso trabalhava com afinco".
E segue, por caminhos felizes, a deleitosa e afincada prosa de César das Neves. De repente, e não sei por que razão, lembrei-me das abluentes palmas a que o senhor Passos Coelho teve direito numa igreja de Lisboa, aquando da cerimónia de aclamação do novo cardeal. Mas devo ser eu que ando para o esquisito.
Sem comentários:
Enviar um comentário