Salvação foi o vocábulo mais ouvido nos últimos oito dias. Culpa do Presidente da República. Como os jornais, em geral, adoram alimentar folhetins (definitivamente não entendo o que fazem os repórteres das televisões e rádios à porta dos lugares aonde se irá realizar uma reunião, quando, invariavelmente - e com pré-aviso -, a resposta é um não vou dizer nada até ao fim das negociações), há que, simplesmente, lamentavelmente, inventar. E foi de invenções atrás de invenções que nos alimentaram esta semana. Mas eis que hoje, solenemente, pela voz de Seguro, surge a notícia, a não-invenção, portanto: não há acordo.
De imediato, iniciou-se outra narrativa ficcionada, outra invenção: o Governo irá até ao fim da legislatura e o Presidente irá aceitar a remodelação proposta por Passos Coelho, depois do ex-irrevogável Portas se ter demitido. Ninguém sequer pensou que a proposta de um acordo de salvação nacional por parte de Cavaco surge precisamente quando essa remodelação é apresentada, não tendo sequer o Presidente se referido a ela. Por outro lado, Cavaco Silva foi claríssimo ao alinhavar um novo ciclo eleitoral depois do abandono da Troika do nosso país. Mas nada disso conta para esta gente: importa inventar, inventar, emergir com novas narrativas. Estamos em crise.
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