quarta-feira, julho 03, 2013

a crise política

Convém não esquecer: antes da presente crise política havia já uma crise política. Por outras palavras: andamos a ser cabalmente enganados, com remessas de cinismo político no seu estado mais refinado. Ouvi vezes sem conta Paulo Portas, Passos Coelho, ministros e ministras, secretários de estado jurarem a pé juntos sobre a credibilidade e validação do executivo, o qual estaria mais fortalecido do que o próprio colosso de Rodes e do que toda a oposição junta. Afinal, era só fumaça.
Quero, porém, anotar um pormenor, não de somenos importância: somos donos e senhores do nosso destino coletivo. Com efeito, não houve necessidade de pedir a bênção à troika. Paulo Portas teria, só por esta razão, o meu apoio. Mas tem-no também pela principal razão invocada, que se encontra malogradamente ligada à ascensão da enfraquecida e gasparista Maria Luís Albuquerque de secretária de estado do tesouro a ministra das finanças, sem haver uma auscultação àquele que deveria ser o número dois do Governo, como hoje é inexoravelmente claríssimo (basta ver a definição de coligação em qualquer dicionário).
Para mal dos nossos pecados, vivemos uma conjugação de variadíssimos fatores humanos, os quais se resumem a uma palavra só: desgraça. António José Seguro é um ex-jota; Passos, idem. Quase almas siamesas, portanto. Podem estar preparados para tudo, mas não me parece que o estejam para governar. Estou em crer que não me parece sequer razoável, sob o ponto de vista legal, a entrada para estas organizações antes da maior idade. De qualquer modo, Seguro tem, obviamente, o benefício da dúvida, assim como o teve Passos. Vamos ver. Terceiro fator humano: Cavaco Silva, a pior desgraça que apareceu em Portugal, politicamente, desde a revolução de abril. Tudo isto teria sido evitado se o Presidente da República tivesse a capacidade de ler os sinais advindos da sociedade, do povo, que tão distante está do Palácio de Belém, a não ser que Cavaco considere como representantes do povo os prestigiadíssimos economistas que convidou para discutir (analisar, talvez) o estado do Estado.
Portugal não é a Grécia, Portugal não é a Irlanda, mas Portugal também não é a Alemanha. E ainda bem. Quando se exigia uma concertação de esforços, Cavaco escondia-se no seu minimalismo institucional. É defeito, é feitio, é incompetência.

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vamos pela estrada e sentimo-nos bem. lá fora, o vento sopra, a neve cai, voam duas aves perdidas. eu sei que tenho de chegar a algum lugar...


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