segunda-feira, fevereiro 07, 2011

a canção dos deolinda

Não é grupo musical que particularmente me encante. Projeta-se, nele, um certo saudosismo de um certo embrionarismo contestatário, tentando-se colar, aparentemente sem sucesso, ao que foram as canções revolucionárias das décadas antes e pós-revolução. No entanto, aquela letra da tal canção "que parva que eu sou", tem, no seu ideário social, todas as condições para se tornar uma espécie de bandeira coletiva de uns certos jovens que não sabem realmente quem são porque simplesmente não lhes dão oportunidade para ser. Acontece que a juventude já não é a mesma. Esta, a que ouviu e se riu, no Coliseu dos Recreios de Lisboa, da apontada e simples letra da canção, é de consumo imediato. A outra, a dos protestos primeiros contra a ditadura salazarista (e marcelista) era muito menos espumosa e mais consistente. Não porque eram melhores. Simplesmente porque viviam diferente.

3 comentários:

Rafael disse...

Discordo. Essa observação sobre os Deolinda revela desconhecimento sobre o trabalho deles e sobretudo preconceito. Eles não se tentam encostar a nenhum saudosismo da canção contestatária. Eles são a canção contestatária actual! A prova disso é que a dimensão social e politica da nova canção, assim como outras canções que tinham em trabalhos anteriores. Agradeço que a escrever se informe mais...

Anónimo disse...

muito bem dito, apoiado

Anónimo disse...

Em Abril eu estava lá. Estava lá com uma G3 e com muita esperança que este povo quizesse iniciar uma revolução. Afinal este povo apenas queria uma oportunidade para fazer o mesmo que constestava nos outros.
Com hoje, muitos contestam o poder por não conseguirem ocupá-lo. São tão corruptos e mafiosos como aqueles que o ocupam.
Como dizia um velho camarada de armas "não foi para isto que nós começamos aquilo".
Mas este povo corrompido por muitos anos de ostracismo e espupidifação natural acabou por ser rapidamente manietado por uns quantos revolucionários de ocasião.
Só a crise os está a despertar, mas mais uma vez estão a ver pouco porque acordam tarde e sem informação suficiente.
Parvo não é aquele que estuda e se forma, mas aquele que se deixa ficar na cómoda ignorância e acaba sendo manipulado mais uma vez pelos que reclama uma revolução que não quiseram continuar quando lhes abrimos a porta e demos o pontapé de saída.
Continuar é preciso, mas sem esquecer que isso implica esforço, pois se queremos algo bem feito faça-mo-lo nós mesmos.
Mas porque gerir o poder e participar nele implica esforço e entendimento, uma grande maioria vai ficando no conforto da contestação.
Se querem ter o poder da decisão usem-no no dia a dia em lugar de se limitarem a contestar aqueles que o usam de forma menos própria porque os preguisosamente os deixamos ocupar o lugar que nos pertence por "testamento" do tal Abril que poucos cumpriram. Sejam astutos e inteligentes no exigir dos vossos direitos, sem esquecer que os direitos de uns são os deveres de outros se sois vós mesmos.
Um abraço à geração para a qual ajudei a abrir as portas mas não consegui abrir os horizontes, porque lhes fecharam os olhos e entupiram os ouvidos dizendo-lhes para estarem descansados que outros fariam a gestão do poder por si. Acabaram por entregar o ouro ao bandido.

coisas

vamos pela estrada e sentimo-nos bem. lá fora, o vento sopra, a neve cai, voam duas aves perdidas. eu sei que tenho de chegar a algum lugar...


neste momento...