sábado, dezembro 06, 2008

as ausências e paulo rangel

Curiosas são também as declarações de Paulo Rangel, presidente do grupo parlamentar do PSD, ao afirmar que "os números decisivos foram os do PS" e não, como deixou implicitamente sublinhado, as três dezenas de deputados do seu partido que não compareceram à votação. Paulo Rangel defende-se de forma angélica, partindo do pressuposto que se todos os deputados estivessem presentes, o diploma do CDS-PP – pedindo a suspensão do modelo de avaliação dos professores – naturalmente não passaria, visto que a maioria absoluta mora, como sabemos, no lado do Partido Socialista. Acontece que, mesmo com 121 deputados que fazem parte do partido do governo, o PSD ainda conseguiu marcar mais ausências do que o PS: 30 a 13.
Mas o que se torna revelador, no meio disto tudo, é a forma hipócrita como os responsáveis políticos olham para os problemas da população em geral e, neste caso, para a avaliação dos professores. É que eu vi, como todos os portugueses viram, muitos dos principais líderes da oposição, designadamente do PSD, exigirem a suspensão deste processo de avaliação. Ora, quando, finalmente, existe uma proposta partidária – neste caso, do CDS –, a qual, ao nível do Parlamento, podia efectivamente suspender todo este imbróglio, os senhores deputados (que representam o povo português, convém sempre sublinhar esta verdade teórica) não compareceram à votação do diploma. No meio de tudo isto, Manuela Ferreira Leite chamou Paulo Rangel para lhe pedir esclarecimentos, frisando que este triste acontecimento jamais se poderá repetir. Acontece que "este triste acontecimento" não é virgem na história recente do parlamentarismo português. De facto, situações como esta já decorreram por várias vezes e o resultado tem sido, invariavelmente, sempre o mesmo: "isto não pode tornar a acontecer". Mas acontece e acontecerá, enquanto não tivermos, ao nível dos senhores que se sentam naquelas cadeiras da Assembleia da República, um verdadeira representação democrática do povo português.

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vamos pela estrada e sentimo-nos bem. lá fora, o vento sopra, a neve cai, voam duas aves perdidas. eu sei que tenho de chegar a algum lugar...


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