terça-feira, novembro 20, 2007

a educação e a ministra competente

Importa desmistificar alguns propósitos voluntaristas de quem coloca Maria Lurdes Rodrigues (e a sua equipa) como um paradigma de competência. Desde logo porque a maioria dos comentadores que o fazem não entendem de educação. Elaboram apenas um enquadramento sentencioso simplista e meramente economicista, em que a natural desconfiança para com os professores vem sempre ao de cima. Partem sempre do pressuposto de que os professores são uns mandriões e que finalmente houve alguém que mudou as regras do jogo. E, claro, vem logo ao de cima as aulas de substituição como o paradigma maior da feição interventora da ministra.
Só que educação não é só isto. Ou seja: não basta elaborar dois ou três patamares administrativos, juntando-lhes um ou outro de carácter supostamente pedagógico (para falar na reformazita do ensino secundário) para que o complexo mundo da educação se encaminhe peremptoriamente. Nem tão pouco basta o argumento (estafado) de que temos que começar por algum lado e que daqui a alguns anos tudo isto dará frutos. Não! Nada mais errado, pois as reformas educativas têm forçosamente de se adaptar a uma compleição estruturalmente diferente, a qual passa na aposta de pequenas (no sentido mais individualista e singular do termo) reformas, ao invés das macro-reformas que desde há anos têm vindo a ser irreflectidamente postas em prática.
Dois ou três exemplos: porquê um limite mínimo e máximo de alunos por turma? Será difícil perceber que haverá turmas que se trabalha (muito) bem com 28, mas outras em que 15 já é demais? Qual a razão que obriga a que esta última turma tenha 22 ou 24 alunos como limite mínimo?
Outro exemplo que ilustra o absurdo deste ministério: qual o argumento pedagógico que esteve na base do reescalonamento do grupo 300 e 320, ao obrigar os professores de francês a leccionarem português, quando muitos não têm experiência na área da língua portuguesa (ou literatura portuguesa), enquanto os professores do grupo 300 são, efectivamente, professores dessa área e são, consequentemente, postos de parte?
Por fim, o concurso a professores titulares? Alguém de bom senso acredita que os professores com mais pontos são realmente os melhores? É que muitos deles, para terem tantos pontos, deram pouquíssimas aulas ao longo destes últimos sete anos. Dá-se o caso, hilariante, que muitos professores contratados (os tais que ainda não estão na carreira) têm não só mais habilitações (pós-graduações, mestrados, doutoramentos) como também mais experiência didáctica.

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vamos pela estrada e sentimo-nos bem. lá fora, o vento sopra, a neve cai, voam duas aves perdidas. eu sei que tenho de chegar a algum lugar...


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